segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Cinemúsica


Aproveitando o lançamento do DVD, posto aqui a resenha, que preparei há alguns meses, de "Rolling Stones - Shine A Light". Rock puro!

Rolling Stones - Shine a Light

Rock sem moderação!

Esta é mais uma das investidas de Martin Scorsese no mundo da música. Anteriormente, produziu uma série sobre as origens do blues (dirigindo também um de seus episódios) e, claro, foi o diretor de “No Diretion Home”, belíssimo e longo documentário sobre o lendário Bob Dylan.

Mas, se nessas ocasiões pretéritas Scorsese procurou empreender uma extensa e minuciosa investigação sobre os temas abordados, agora temos uma empreitada em que o lado “fã” falou mais alto e em bom som. Ou melhor, no volume máximo! “Rolling Stones: Shine a Ligth” é um verdadeiro petardo roqueiro capaz de incendiar platéias, mesmo que elas estejam sentadas numa sala de cinema.

Embora oficialmente catalogado como “documentário”, o filme parece muito mais ser o resultado de um fã com uma câmera na mão filmando o show do seu ídolo. Só que, no caso, esse fã possui o aparato de um grande cineasta, com uma equipe simplesmente incrível à sua disposição. Só para termos uma idéia: o líder da equipe de fotografia é Robert Richardson (lembrem-se da fotografia de O Aviador) que coloca como operadores de câmera grandes diretores de fotografia como Andrew Lesnie (responsável por nada mais nada menos que a trilogia O Senhor dos Anéis) e Robert Elswit (recentemente premiado com o Oscar por Sangue Negro).

Bom, com todo esse suporte o tal “fã” realiza um trabalho realmente primoroso, digno da maior banda do mundo desde o fim dos Beatles. Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e Charlie Watts aparecem com todas as marcas que a idade lhes trouxe, mas também com toda a energia e talento que souberam preservar ao longo dos anos. É impressionante como os velhinhos conseguem agitar uma platéia com muito mais competência, sinceridade e autenticidade do que 90% dos artistas que encontramos por aí. No palco, eles continuam insuperáveis e, nas duas apresentações no Beacon Theatre de Nova York, como parte da turnê “A Bigger Band” (detalhe: os shows no teatro foram beneficentes, buscando arrecadar fundos para causas ambientais apoiadas pelo casal Clinton. O Bill, inclusive, é quem abre o show com um discurso de agradecimento), desfiam um rosário de clássicos absolutos: Jump Jack Flash (que abre o show), Satisfaction, Tumbling Dice, Brown Sugar, Start Me Up... Mas vou aqui confessar os momentos que considerei mais empolgantes: Connection, cantada por Keith Richards; a participação do blueseiro Buddy Guy, com sua imensa simpatia e grande presença de palco (além desta seqüência constituir uma das melhores tomadas fotográficas da projeção); a presença de Christina Aguillera, com seu vozeirão que é muito superior às músicas que ela costuma cantar (além de ser gatinha, claro!); e a interpretação de “As Tears Go By”, clássico absoluto dos Stones que eles pouco apresentam ao vivo. Fico me perguntando o porquê disso, já que é mesmo uma música linda, como o próprio Jagger acentua ao terminar sua execução. Quem também faz uma participação é o Jack White III, mas, sendo bem sincero, ele parecia tão “abobalhado” com o momento que esqueceu que também tinha que marcar sua presença. Ficou mirrada sua participação.

Mas Scorsese sabia que o público poderia se enfastiar no cinema acompanhando duas horas de show sentado numa cadeira. Assim, inicia o longa mostrando os preparativos pro show: a discussão sobre o repertório a ser executado (só revelado ao diretor minutos antes da apresentação), as reclamações de Jagger acerca da estrutura do palco (“isso tudo é coisa do Marty, não minha”, diz a certa altura), os acertos de iluminação e som, entre outros detalhes. Ademais, intercala o números do show com imagens de arquivos e entrevistas dos membros do grupo, que acabam falando um pouco da história da banda e de suas perspectivas sobre o futuro há algumas décadas. Uma da mais interessantes é a que Jagger responde a um jornalista quanto tempo espera continuar nos palcos com a banda: “acho que pelo menos mais um ano, com certeza”.

A verdade é que, mais de quatro décadas depois, os Stones continuam incendiando meio mundo com seu som eternamente jovem, encantando gerações e fazendo o público vibrar, mesmo que seja numa sala de cinema (pena que não dá para sair pulando lá!). E Scorsese soube captar perfeitamente toda essa energia com seu “Rolling Stones: Shine a Light”. É isso aí: aumente o volume que esse som é ROCK ‘N ROOOOOOOLLLL!!!!!

Nota: ah, e desde quando os Stones precisam de nota?


Observação 1: não deixem de observar as gatas-deusas estrategicamente posicionadas à beira do palco! Tchucas lindas, cada uma mais do que a outra!

Observação 2: Estranho não ter entrado “Gimme Shelter” no repertório, já que esta música está presente em três filmes de Scorsese.

Observação 3: achei o máximo o título do filme. “Shine a Light” é uma das minhas músicas preferidas da banda, uma das faixas do mítico álbum “Exile On Main St.”.

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