terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Framboesa de Ouro - "Premiados"


Já havia até esquecido do "Framboesa de Ouro". A grande "premiada" este ano acabou sendo Paris Hilton por suas "excepcionais" interpretações no ano de 2008, além do novo filme de Mike Myers, "O Guru do Amor", com 3 Framboesas cada. Mas, querem saber de uma coisa? Esses prêmios de "piores" do ano já estão ficando muito metidos a besta e chatinhos, vide o prêmio de pior continuação para "Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal". Como um filme com aprovação de mais de 70% da crítica pode ser considerado como um dos piores do ano? Há um ditado popular que diz: "quem caga na pia é pra aparecer". Acho que se aplica bem ao caso. Segue abaixo a lista completa.

Pior Filme
Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões
Fim dos Tempos
The Hottie and the Nottie
Em Nome do Rei
O Guru do Amor



Pior Ator
Larry the Cable Guy, Witless Protection
Eddie Murphy, O Grande Dave
Mike Myers, O Guru do Amor
Al Pacino, 88 Minutos e As Duas Faces da Lei
Mark Wahlberg, Fim dos Tempos e Max Payne

Pior Atriz
Jessica Alba, O Guru do Amor e O Olho do Mal
O elenco de Mulheres...O Sexo Forte (Annette Bening, Meg Ryan, Jada Pinkett-Smith, Debra Messing e Eva Mendes)
Cameron Diaz, Jogo de Amor em Las Vegas
Paris Hilton, The Hottie and the Nottie
Kate Hudson, Um Amor de Tesouro e Amigos, Amigos, Mulheres à Parte

Pior Ator Coadjuvante
Uwe Boll (como ele mesmo), Postal
Pierce Brosnan, Mamma Mia!
Ben Kingsley, O Guru do Amor, The Wackness e War, Inc.
Burt Reynolds, Deal e Em Nome do Rei
Verne Troyer, O Guru do Amor e Postal

Pior Atriz Coadjuvante
Carmem Electra, por Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões
Paris Hilton, por Repo: The Genetic Opera
Kim Kardashian, por Super-Hérois - A Liga da Injustiça
Jenny McCarthy, Witless Protection
Leelee Sobieski, 88 Minutos e Em Nome do Rei

Pior Dupla
Uwe Boll & qualquer ator, câmera ou roteiro
Cameron Diaz & Ashton Kutcher, Jogo de Amor em Las Vegas
Paris Hilton & Christine Lakin ou Joel David Moore, The Hottie and the Nottie
Larry the Cable Guy & Jenny McCarthy, Witless Protection
Eddie Murphy dentro de Eddie Murphy, O Grande Dave

Pior Remake, Continuação, Pré-Continuação ou Imitação
O Dia em Que a Terra Parou
Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
Speed Racer
Star Wars: The Clone Wars

Pior Diretor
Uwe Boll, Em Nome do Rei, Postal e Tunnel Rats
Jason Friedberg & Aaron Seltzer, Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões
Tom Putnan, The Hottie and the Nottie
Marco Schnabel, O Guru do Amor
M. Night Shyamalan, Fim dos Tempos

Pior Roteiro
Super-Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões, Jason Friedberg & Aaron Seltzer
Fim dos Tempos, M. Night Shyamalan
The Hottie and the Nottie, Heidi Ferrer
Em Nome do Rei, Douglas Taylor
O Guru do Amor, Mike Myers e Graham Grody

Pior Carreira no Cinema
Uwe Boll

No Carnaval


Há alguns anos que sempre reservo o período do Carnaval para, ao menos, tentar me atualizar um pouco com minha própria coleção de DVDs. Existem mais de 50 filmes na minha videoteca aos quais ainda não assisti por pura falta de tempo. Bem, agora nesta festa de Momo de 2009, acabei vendo 4 bons filmes e vou procurar resumi-los em comentários mais breves do que minhas costumeiras resenhas. Vamos a eles:

Disque M Para Matar – Um dos melhores exemplares da obra de um dos mais conhecidos gênios do cinema: Alfred Hitchcock. Fruto de sua melhor fase (meados dos anos 50 até o início dos 60), trata-se do primeiro trabalho do mestre do suspense com Grace Kelly, que então ainda era uma estrela em ascensão (ela ainda faria “Janela Indiscreta” e “Ladrão de Casaca”). A trama gira em torno de um marido, muito bem interpretado por Ray Milland, que planeja o assassinato de sua bela e adúltera esposa (Kelly). Adaptado de um texto teatral, o roteiro é redondo e cheio de diálogos espirituosos e afiados, que ajudam bastante a disfarçar uma certa asfixia pelo fato do filme se passar quase que inteiramente dentro de um apartamento. De qualquer forma, mesmo que com pouco “espaço”, Hitchcock consegue ainda imprimir sua tradicional aula de narrativa visual, como na famosa sequência em que o assassino ataca a personagem de Kelly. Esta, por sinal, está estonteante, seja de vestido vermelho ou camisola, encarnando a obsessão do diretor por belezas loiras. E uma curiosidade: este é um dos primeiros filmes feitos em 3D. Sim, essa tecnologia já vem sendo desenvolvida há mais tempo do que você imagina e o velho Hitch adorava essas novidades tecnológicas.

Nota: 9,5



A Queda – As Últimas Horas de Hitler – Este já estava há muito tempo na minha prateleira, mas sempre acabava deixando para depois. Não deveria ter agido assim. É um filme realmente estupendo. Como muitos devem saber, o longa mostra os momentos finais da alta cúpula nazista quando da invasão de Berlim pelos soviéticos em maio de 1945. Bruno Ganz interpreta de forma brilhante Adolf Hitler, em seus momentos de loucura e até afetividade. Esse lado mais “humano” do ditador foi motivo de muita polêmica quando do seu lançamento, vez que muitos não gostavam de vislumbrar um lado “simpático” nesse personagem. Uma preocupação exagerada e desnecessária, pois em nenhum momento deixamos de perceber que Hitler era alguém totalmente desequilibrado e nefasto, ao mesmo tempo em que destituído de caráter, uma vez que em nenhum momento assumiu a responsabilidade pela derrota alemã. Outro aspecto interessante é observar a idolatria totalmente desmedida de muitos pelo “führer”, o qual havia se transformado numa espécie de deus pelo qual se devia matar ou morrer. O filme teve como uma de suas fontes os relatos da secretária de Hitler, Traudl Junge, interpretada no filme por Alexandra Maria Lara e que aparece em imagens reais já bastante idosa, pouco antes de seu falecimento. Dirigido por Oliver Hirschbiegel, trata-se de uma obra de relevância inquestionável.

Nota: 10,0.

O Estranho Sem Nome – O primeiro western dirigido por Clint Eastwood, sendo o seu segundo longa como diretor (o primeiro foi “Perversa Paixão”). É um trabalho ainda com altas doses de influência de Sergio Leone, inevitavelmente um dos grandes mentores de Clint. Desde o roteiro, passando pela trilha sonora e ambientação da trama, tudo lembra Leone neste longa que mostra a chegada de um forasteiro (o próprio Clint) ao vilarejo de Lago, onde há alguns anos um estranho e violento crime foi cometido contra um homem que, como descobrimos no decorrer dos fatos, parece ter alguma ligação com esse estranho visitante. Violento e com certas doses de misoginia, o filme lembra muito “Por Um Punhado de Dólares”, do já citado Leone, o qual por sua vez já foi uma adaptação de “Yojimbo – O Guarda-Costas”, do mestre Akira Kurosawa. Alguns chegam a indetificar nele uma conotação sobrenatural, mas que não me parece a interpretação correta. Embora esteja longe de ser um filme ruim, vale mais pelo interesse de observar Eastwood em seus primórdios como diretor. Assista ser for cinéfilo, fã do Clint Eastwood ou fã do gênero western.

Nota: 7,5.

Hannah e Suas Irmãs Só agora fui descobrir porque este é considerado um dos mais memoráveis e queridos filmes de Woody Allen. Realmente, um dos mais sensíveis momentos da longa e prolífica carreira desse gênio da sétima arte. A impressão que temos é de não estarmos assistindo a personagens fictícios na tela, mas a verdadeiros seres humanos, todos dotados de suas fraquezas, complexidades e muita, muita beleza. Com um mosaico de tipos que inclui a sua querida Nova York, Allen está em um momento inspirado ao mostrar o dia-a-dia de Hannah (Mia Farrow, a então Sra. Allen), a mais forte e equilibrada integrante de uma família em que parece servir de arrimo emocional a todos, o que faz com que todos imaginem que ela não tem as suas próprias fraquezas e necessidades. É mesmo incrível como Allen sempre consegue criar tipos com quem nos identificamos em vários aspectos, ao mesmo tempo em que joga na tela as suas próprias neuroses, que neste filme parecem mais hilárias do que nunca. Bom lembrar que este longa foi premiado com 3 prêmios Oscar: melhor roteiro original, melhor ator coadjuvante (Michael Caine, ótimo) e melhor atriz coadjuvante (Diane Wiest). Um filme leve, mas que fala muito bem dos nossos pequenos dramas (algo que Allen conseguiu retomar no recente “Vicky Cristina Barcelona”). Não deixe de tê-lo em sua coleção.

Nota: 10,0.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Oscar 2009 - Conteúdo previsível, novidade na forma



Há menos de dez minutos terminou a 81ª edição do Oscar. Logo de antemão, já adianto: nenhuma grande surpresa entre os premiados. À exceção da categoria de filme estrangeiro, todos os demais “oscarizados” estavam bastante cotados para receber seus respectivos prêmios. O grande vencedor da noite foi “Quem Quer Ser Um Milionário?”, com nada menos que 8 estatuetas, entre elas as de melhor filme, diretor e roteiro adaptado. E até uma absurda premiação de melhor canção, intitulada “Jai-ho”, bastante chata por sinal.

Mas, se a cerimônia não teve surpresas em seu conteúdo, teve na forma. A Academia procurou inovar bastante na apresentação dos prêmios e também na condução de todo o evento. Hugh Jackman mostrou-se um ótimo apresentador, com certeza o melhor dos últimos anos. A sua abertura, com um número musical que abrangia mencionava quase todos os filmes indicados a estatuetas (não apenas de melhor filme), foi muito divertida, inclusive com uma interação com a plateia poucas vezes vista. Em certo ponto do número ele carrega uma das indicadas, a Anne Hathaway, para o palco, onde esta fez uma “interpretação” de Richard Nixon numa menção ao indicado a melhor filme “Frost/Nixon”. Até as piadas de Jackman foram muito espirituosas e pensadas para que qualquer espectador, de qualquer parte do mundo, pudesse entender. Também muito bom o número que Jackman fez ao lado da Beyoncé, valorizando a nova safra de musicais, principalmente porque pudemos babar com o corpão e as pernas lindas da famosa estrela pop (para dar uma compensada, pois eu não estava vendo os desfiles do Rio, né?).

Muito interessante a forma que a academia encontrou de inovar na apresentação dos Oscars para as interpretações. Normalmente, sempre o vencedor do prêmio de melhor ator apresentava o de melhor atriz e vice-versa (a mesma coisa com os coadjuvantes). Pois agora eles convidaram 5 atores e atrizes que já venceram em suas respectivas categorias para apresentá-las. A categoria de melhor atriz teve como apresentadoras ninguém menos que Sophia Loren, Shirley MacLaine, Nicole Kidman, Marin Cotillard e Halle Barry. A ideia foi tão interessante que fazia os assistentes presentes se empolgarem de aplaudirem de pé as apresentadoras. O mesmo sucedeu com os apresentadores de melhor ator (Robert De Niro, Ben Kingsley, Adrien Brody, Anthony Hopkins e Michael Douglas).

Falando em melhor atriz e ator, quando recebeu o prêmio, Kate Winslet (sim, ela finalmente ganhou) estava com uma cara de choro meio forçada, expressão que ostentou ao longo de toda a cerimônia, parecendo até que ela também estava interpretando ali. As garotas que acompanharam pela TV dirão que o vestido dela “era lindo”, mas eu me decepcionei, pois ela não ostentava um decote tão portentoso como na entrega do SAG. Uma pena... Já Sean Penn levou aquela que talvez fosse a indicação mais disputada da noite, o prêmio de melhor ator, mas ele não esqueceu de elogiar Mickey Rourke por sua fantástica interpretação em “O Lutador”. E m seu discurso, ele também falou da relevância de se fazer filmes como “Milk” e deu um puxão de orelhas nos eleitores da Califórnia, que recentemente votaram contra a legalização do casamento gay. Também mencionou o novo momento que os EUA vivem com a eleição de Barack Obama. Ou seja, Penn venceu não apenas por sua grande atuação, mas creio que também pelo seu engajamento político, algo obviamente bastante “na moda” no atual momento da sociedade americana.

Quanto as prêmios dos coadjuvantes, nada de surpresa. Penélope Cruz levou uma estatueta com méritos (boa forma de premiar “Vicky Cristina Barcelona”) e Heath Ledger levou o Oscar póstumo na maior barbada da noite. Sua família (pai, mãe e irmã) recebeu o prêmio em um momento que emocionou a todos. Muitos presentes estavam com lágrimas nos olhos (inclusive Angelina Jolie-Pitt).

Outra novidade no Oscar foi a mudança de cenário de acordo com os prêmios a serem entregues. O cenário mais interessante foi aquele utilizado para a algumas categorias técnicas, como Direção de Arte e Maquiagem. A Academia está procurando mesmo dar uma recauchutada no conceito da festa, para subir os índices de audiência. Teve um bom começo, mas algumas coisas ainda precisam melhorar, como a sua longa duração (é, a festa continuou muito extensa). De qualquer forma, novos ares estão surgindo.

Houve ainda uma homenagem inviesada para Jerry Lewis. Em vez de premiá-lo por sua genial carreira, a Academia resolveu entregar-lhe um prêmio pela seu incentivo à filantropia, através de projetos como o Teletom. Hein? Será que os americanos nunca irão reconhecer Lewis como um cineasta de grande relevância? Coisas de Hollywood...

Mas, e o resultado foi justo? Olha, acho que a Academia lembrou que “Cidade de Deus” não havia sido premiado há alguns anos e resolveu jogar uma montanha de prêmios para cima de “Quem Quer Ser Um Milionário?”. Imagino que o Fernando Meirelles deve estar pensando nisso neste momento (e o meu preferido era o Benjamin Button).

Segue abaixo a lista completa dos vencedores.

Melhor Filme
"Quem Quer Ser Um Milionário?"

Melhor direção
"Quem Quer Ser Um Milionário?", Danny Boyle

Melhor ator

Sean Penn, "Milk - A Voz da Igualdade"

Melhor atriz
Kate Winslet, "O Leitor"

Melhor ator coadjuvante

Heath Ledger, "Batman - O Cavaleiro das Trevas"

Melhor atriz coadjuvante
Penélope Cruz, "Vicky Cristina Barcelona"

Melhor Filme de Animação

"Wall-E"

Melhor roteiro original

"Milk - A Voz da Igualdade", Dustin Lance Black

Melhor roteiro adaptado

"Quem Quer Ser Um Milionário?", Simon Beaufoy

Melhor filme estrangeiro
"Partidas" (Japão)

Melhor direção de arte

"O Curioso Caso de Benjamin Button", Donald Graham Burt, Victor J. Zolfo

Melhor fotografia

"Quem Quer Ser um Milionário?", Anthony Dod Mantle

Melhor figurino
"A Duquesa", Michael O’Connor

Melhor documentário em longa-metragem
"O Equilibrista", James Marsh, Simon Chinn

Melhor documentário em curta-metragem

"Smile Pinki", Megan Mylan

Melhor montagem

"Quem Quer Ser Um Milionário?", Chris Dickens

Melhor maquiagem
"O Curioso Caso de Benjamin Button"

Melhor trilha sonora original

"Quem Quer Ser um Milionário?", A.R. Rahman

Melhor canção
"Quem Quer Ser Um Milionário?", com "Jai Ho"

Melhor curta-metragem de animação

"La Maison de Petits Cubes", Kunio Kato

Melhor curta-metragem

"Spielzeugland", Jochen Alexander Freydank

Melhor edição de som
"Batman - O Cavaleiro das Trevas", Richard King

Melhor mixagem de som
"Quem Quer Ser um Milionário?"

Melhores efeitos visuais

"O Curioso Caso de Benjamim Button"




sábado, 21 de fevereiro de 2009

Os vencedores?



Essa imagem que você está vendo acima seria a lista de vencedores do Oscar deste ano. Ela está circulando na net desde quinta-feira e tem todos aqueles elementos de um documento oficial (como a assinatura do presidente da Academia). De qualquer forma, obviamente a Academia já tratou de classificar o documento como uma fraude. Bem, só resta esperar até amanhã para saber (não vai demorar muito).

Em tempo: toda a família de Heath Ledger estará presente à cerimônia. O que se cogita é que seu pai, Kim Ledger, deve subir ao palco para receber o prêmio.

Novo Visual

Olá, povo!

Como podem perceber, o blog está com novo visual!

Já fazia uma tempo que estava querendo mudar. Apesar do visual antigo me agradar bastante, eu estava querendo dar um tom mais "característico" ao blog! Mas não sei se gostei muito... Talvez mude daqui a alguns dias. Muito embora, devido ao trabalho que dá, talvez não seja tão rápido assim. Bem, se quiserem, podem deixar suas opiniões nos comentários.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Indicados ao Oscar - Comentários Parte 3


Hoje, farei minha última sessão de comentários com relação aos indicados ao Oscar. A festa já é neste domingo de Carnaval, competindo com os desfiles das escolas de samba e com a própria folia (para quem gosta). A Globo não irá transmitir ao vivo. Ao que tudo indica, ele deve entrar com flashs durante os desfiles e exibir um compacto em um horário ainda a definir.Para quem tem TV a Cabo, o TNT irá exibir a cerimônia a partir das 22h30min, com comentários do Rubens Ewald Filho.

Bem, vamos a mais algumas categorias.

Melhor filme estrangeiro - Só vejo esse prêmio nas mãos de "Valsa Com Bashir", dificilmente ocorrerá alguma coisa diferente. O filme já recebeu o mesmo prêmio no Globo de Ouro e, tendo em vista a sua temática, tem tudo mesmo para levar o Oscar neste domingo.

Melhor Fotografia - "Benjamim Button" tem uma fotografia belíssima, mas "Quem Quer Ser Um Milionário?" já vem levando alguns prêmios nesta categoria (incluindo o Bafta), o que me faz crer que ele será o vencedor.

Melhor Maquiagem e Melhores efeitos visuais - Nessas, se não der "Benjamim Button" , a Academia acabará entrando em descrédito. Um dos pontos altos do filme é justamente o impressionante "envelhecimento" de Brad Pitt.

Melhor edição - Com sua edição estilo "Cidade de Deus", "Quem Quer Ser Um Milionário?" deve levar também este. Aliás, isso só mostra o que sempre afirmei: "Cidade de Deus" merecia ter tirado o prêmio de melhor edição da mãos de "O Retorno do Rei", naquele ano em que concorreram. Baita injustiça. Por melhor que seja, "O Retorno do Rei" tem uma edição convencional, nada demais.

Melhor Animação - Apesar de no "Annie" (prêmio exclusivo para as melhores animações do ano) ter dado "Kung-Fu Panda", creio que "Wall - E" leva o Oscar. E se não levar é injustiça!

Melhor Documentário - Vai dar "Man On wire", documentário que já arrebatou inúmeros prêmios ao redor do mundo. Tem até média de 100% no Rotten Tomatoes.

Bem, é isso aí. A demais categorias são muito técnicas e não tenho como opinar. Só resta agora conferir a cerimônia no domingo (tomara que a Mangueira não desfile nesse dia), com apresentação do Hugh Jackman. Até a próxima!


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Urso de Ouro

E foram entregues neste sábado, 14/02, os prêmios da 59ª edição do Festival de Berlim. O vencedor do Urso de Ouro foi "La Teta Asustada", filme peruano sobre a violência perpetrada às mulheres durante os períodos de conturbação política no país. O título se refere à crença popular de que os filhos de mulheres estupradas no Peru cresceram assustados porque estas lhes davam o peito para mamar. A diretora (essa beldade aí ao lado) é Claudia Llosa (não me perguntem se ela tem parentesco com o Mario Vargas Llosa), a qual dedicou o prêmio ao Peru. Será que há uma tendência da Berlinalle em premiar filmes latino-americanos, já que no ano passado tivemos o nosso "Tropa de Elite" com o Urso de Ouro? A pergunta soa ainda mais pertinente se lavarmos em consideração que o Grande Prêmio do Júri foi para "Gigante", do argentino Adrián Biniez, juntamente com "Alle anderen", do alemão Maren Ade. Segue abaixo a lista completa de premiados:

Urso de Ouro: "La Teta asustada", de Claudia Llosa, uma co-produção de Peru e Espanha

Prêmio Especial do Júri: "Gigante", de Adrián Biniez, uma co-produção de Uruguai, Alemanha, Argentina e Holanda; e "Alle Anderen", de Maren Ade, da Alemanha.

Urso de Prata de melhor diretor: Asghar Farhadi, por "Darbareye Elly", do Irã.

Urso de Prata de melhor ator: Sotigui Kouyaté, por "London River", do Reino Unido.

Urso de Prata de melhor atriz: Birgit Minichmayr por "Alle Anderen", de Maren Ade, da Alemanha.

Urso de Prata de melhor roteiro: "The Messenger", de Oren Moverman e Alessandro Camon, dos Estados Unidos.

Prêmio Alfred Bauer: "Gigante", de Adrián Biniez, de Uruguai, Alemanha, Argentina e Holanda, e "Tatarak", de Andrzej Wajda, da Polônia.

Prêmio de melhor estreia: "Gigante", Adrián Biniez, de Uruguai, Alemanha, Argentina e Holanda.

Urso de Ouro de melhor curta-metragem: "Please Say Something", de David O'Reilly, da Irlanda.

Urso de Cristal ao Cinema Juvenil Generation 12plus: "My Suicide", de David Lee Miller, dos Estados Unidos.

Urso de Cristal ao Cinema Infantil Generation Kplus: "C'est pas moi, je le jure!", de Philippe Falardeau, do Canadá.

Prêmio Caligari da seção Fórum: "Ai no mukidashi" ("Love Exposure"), de Sono Sion, do Japão.

Prêmio do Público da seção Panorama: "The Yes Men Fix the World", de Mike Bonanno, Andy Bichlbaum e Kurt Engfehr, dos Estados Unidos.

Prêmio Teddy ao cinema homossexual: "Rabioso sol, rabioso cielo", de Julián Hernández, do México.

Prêmio C.I.A.C. (Confederação Internacional de Cinema de Arte e Ensaio): "Ander", de Roberto Castón, da Espanha.



A Troca


Não é só a mamãe Jolie...

Desde que apresentado no último Festival de Cannes, “A Troca” vem sendo acusado de ser um filme menor de Clint Eastwood, um longa que fugiria às próprias características do diretor, o qual teria carregado nas tintas emocionais em favor do trabalho de sua atriz, Angelina Jolie, abrindo espaço para que esta demonstrasse todos os seus dotes interpretativos no papel de uma mãe ferida. Há algo de verdade e também de exagero nessas afirmações, além de uma certa miopia.

Miopia porque os críticos pareceram não enxergar que este é um filme legítimo de Clint Eastwood. Vários de seus velhos temas são retomados nessa trama, baseada em fatos reais, onde é mostrada a história de Christine Collins (Jolie), uma mãe solteira na Los Angeles do final dos anos 20 cujo filho, Walter, desaparece misteriosamente de sua residência enquanto ela trabalhava. O caso ganha grande repercussão na cidade e, após 5 meses de investigações, a polícia apresenta um garoto como sendo o filho de Christine. Esta, todavia, vê de imediato que não é o seu filho, mas é convencida pelos policiais a levá-lo para casa. Contudo, ao longo dos dias que se seguem, Christine insiste na sua afirmação e acaba sendo acusada de louca pelos agentes que veem na solução deste caso uma forma de recuperar o prestígio abalado da polícia de L.A., acusada de enormes casos de corrupção.

Clint mais uma vez volta ao tema da mulher que enfrenta um mundo eminentemente masculino. Essa experiência já havia sido feita em “Menina de Ouro”, onde a personagem de Hillary Swank é a única mulher em uma academia de boxe, tentando obter sucesso em um esporte dominado por homens. Aqui, Christine, numa sociedade em que ainda não havia ocorrido a emancipação feminina, desafia uma corporação corrupta também dominada por homens. Eastwood até sublinha de forma acentuada esse choque ao mostrar o ambiente de trabalho da personagem, a qual é coordenadora de uma central telefônica onde há um predominante contingente feminino e, pouco depois, mostrar a mesma Christine cercada por policiais. Por outro lado, o septuagenário diretor também retorna ao tema da violência cometia contra crianças, algo que já havia feito em “Sobre Meninos e Lobos”. E mais: a farsa engendrada pelo próprio Estado já havia sido tema de “A Conquista da Honra”, onde verdades são fabricadas como forma de propaganda de guerra, e aqui como meio de tentar recuperar a imagem de uma instituição. Até mesmo a forma da narrativa mostra-se inegavelmente concebida por Clint, com seu estilo clássico por excelência, sem invencionices ou virtuosismos desnecessários, com trilha sonora (composta pelo próprio) amena e nunca invasiva, e roteiro (de J. Michael Straczynski) claro e direto. Há, realmente, muito do cinema de outras eras aqui, até no logo inicial da Universal Pictures, reproduzido tal como o era nos anos em que se passa a narrativa (em preto e branco, bem distante do hoje colorido e vistoso símbolo do estúdio).

Por outro lado, é verdade que o filme parece cair um pouco no apelo melodramático, algo incomum na carreira de Eastwood, mas que pode ser explicado pela própria temática abordada. Afinal, trata-se uma mãe em busca da sua prole, e o que esperar de uma mãe nessas circunstâncias? Que ela reaja com um grande autocontrole? Que contenha suas emoções? Convenhamos, responder positivamente a estas questões soaria até infantil. O que realmente acaba incomodando é o fato de Clint ter caído em alguns clichês narrativos para realçar ainda mais a atuação da senhora Pitt (bate um martelo no tribunal, close para a imagem de Christine sob impacto). Falando na atuação de Angelina, convém afirmar que ela está realmente ótima, merecendo sua indicação à estatueta do careca. Sua atuação não me pareceu excessiva, com seus arroubos emocionais perfeitamente adequados às situações mostradas na tela. O que talvez retire um pouco do brilho é que Jolie, inevitavelmente, deve ter representado a ela mesma em cena, deixando transbordar o seu público e notório lado maternal. Em vários momentos da projeção, não me saiu da cabeça a ideia de que ela deve ter imaginado como seria a sua própria reação caso um de seus filhos desaparecesse. Não que isso seja exatamente um demérito, mas trabalhar com emoções e sentimentos que lhe são familiares facilita o trabalho de qualquer ator.

Outro ponto que incomoda é uma certa perda do fio condutor na segunda metade da projeção, quando o filme deixa um pouco de lado o drama de sua protagonista para assumir um certo ar de thriller ao tentar esclarecer a resolução do mistério. Neste ponto, novos personagens surgem e alguns deles com atuações pouco convincentes, exageradas até. É importante até afirmar que o roteiro acaba interligando a história de Christine com outros acontecimentos também reais (eles , de fato, se conectaram), mas este segundo ato acaba sendo mal desenvolvido , sendo dirigido de forma meio apressada por Clint e com resoluções que mais parecem vindas de alguém que não sabe terminar o que começou.

De qualquer forma, vale afirmar novamente que aqueles que não enxergam nesta obra um filme de Eastwood precisam urgentemente consultar o oftalmologista. Pode-se afirmar, claro, que não é uma das suas melhores direções, mas também está longe de ser apenas um veículo para que a estrela Jolie pudesse mostrar como é uma boa mãe também nas telas. Eastwood é um dos diretores que mais conhecem a essência da sociedade norte-americana (juntamente com Martin Scorsese) e continuou a estudá-la mais uma vez com este “A Troca”, mesmo que o estudo não tenha rendido uma obra-prima.

Classificação: ***1/2 (três estrelas e meia)
Nota: 8,5.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Bafta e Sindicato dos Roteiristas


E vamos a mais premiações. O Batfta, espécie de Oscar do cinema britânico, foi entregue neste domingo 08/02 e teve como grande vencedor "Quem Quer ser Um Milionário?", o longa de Danny Boyle papa-prêmios da temporada, levando as láureas de melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, montagem, som e música (7 ao todo). Nas atuações, também nenhuma surpresa: Mickey Rourke foi o melhor ator por "O Lutador"; Kate Winslet a melhor atriz por "O Leitor" (resenha neste blog, mais abaixo); Heath Ledger, o melhor coadjuvante (nem preciso dizer qual o filme, né?) e a melhor coadjuvante foi Penélope Cruz por "Vicky Cristina Barcelona". Olha, acho que vai acabar sendo exatamente este o resultado do Oscar. Abaixo, segue a lista completa:


Filme

Quem Quer Ser um Milionário?

Filme Britânico

Man on Wire

Ator

Mickey Rourke, O Lutador

Atriz

Kate Winslet, O Leitor

Ator Coadjuvante

Heath Ledger, Batman: O Cavaleiro das Trevas

Atriz Coadjuvante

Penelope Cruz, Vicky Cristina Barcelona

Direção

Danny Boyle, Quem Quer Ser um Milionário?

Roteiro Original

Na Mira do Chefe, Martin McDonagh

Roteiro Adaptado

Quem Quer Ser um Milionário, Simon Beaufoy

Fotografia

Quem Quer Ser um Milionário?

Edição

Quem Quer Ser um Milionário?

Design de Produção

O Curioso Caso de Benjamin Button

Figurino

A Duquesa

Trilha Sonora

Quem Quer Ser um Milionário

Maquiagem

O Curioso Caso de Benjamin Button

Som

Quem Quer Ser um Milionário

Efeitos Especiais

O Curioso Caso de Benjamin Button

Filme Estrangeiro

Há Tanto Tempo Que Te Amo (França)

Animação

Wall.E

Revelação

Steve McQueen, Hunger (direção e produção)

Para terminar, os prêmios do Sindicato dos Roteiristas de cinema e TV dos EUA, outro forte indicador para a premiação da Academia. "Quem Quer Ser Um Milionário?" levou o prêmio de melhor roteiro adaptado e "Milk - A Voz da Igualdade", levou na categoria de melhor roteiro original, deixando-os como grandes favoritos ao Oscar. Agora, só resta esperar pelao dia 22. Até lá!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Leitor


"Crime e Castigo"

Desde o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, o povo alemão vê-se na condição de um criminoso que tem de conviver eternamente com os tormentos de sua consciência, talvez a maior punição que possa existir para um crime, como tão bem mostrou Dostoiévski em sua obra magistral “Crime e Castigo”. É difícil até mesmo compreender como toda uma nação pode ter se deixado levar pelas palavras e delírios de Adolf Hitler e asseclas, bem como um ódio tão profundo por outro povo pode ter se disseminado tão fácil e fortemente, principalmente se levarmos em consideração que os alemães nunca tinham estado em guerra contra os judeus (como sucede entre chineses e japoneses, por exemplo).

“O Leitor”, novo filme de Stephen Daldry, o mesmo de “Billy Elliot” e “As Horas” (três filmes, três indicações ao Oscar de diretor...), não busca responder à questão do porquê isso aconteceu, mas apresentar o dilema da culpa alemã através de personagens arquetípicos que representam o crime e a consciência de um povo. Baseado no romance de Bernhard Schlink (adaptado por David Hare), o filme tem como elementos centrais as figuras de Michael Berg (David Kross) e Hannah (Kate Winslet, indicada ao Oscar neste papel). Michael é um adolescente de 15 anos que um dia passa mal a caminho do colégio e quem lhe presta ajuda é justamente Hannah Shimitz, uma cobradora de bonde, 15 anos mais velha do que ele. Apesar da diferença de idade, os dois têm um caso que dura a estação do verão. Além da diferença de idade, há uma peculiaridade marcante na relação entre os dois: antes do sexo, Hannah exige que Michael leia para ela livros, normalmente clássicos da literatura (daí o título do livro e do filme). Entretanto, como já mencionado, a relação não dura muito, pois um belo dia Hannah some sem deixar rastros. Anos mais tarde, Michael é estudante de Direito na Universidade de Heidelberg quando, devido a um trabalho do curso, participa das sessões de julgamento de mulheres acusadas de participação no holocausto. Para seu espanto, uma delas é justamente Hannah. Ela, na realidade, era uma ex-guarda da SS nazista e, em um dado momento, surge para Michael a oportunidade de ajudá-la em sua defesa. Entretanto, será que ele deve ajudar alguém responsável por tamanhas atrocidades? Ou se calar e permitir que alguém que ama sofra uma severa condenação?

A partir desta breve síntese, é possível identificar os mencionados arquétipos que traduzem o impasse do povo alemão. Hannah representa todos aqueles que, vivendo o período nazista, participaram ou consentiram (talvez uma forma ainda mais nefasta de indiferença) com os crimes praticados contra os judeus e outras minorias. Michael representa a nova Alemanha, chocada e pesarosa por tudo quanto aconteceu no passado. Ao dizer que não abriu os portões de uma igreja em chamas, onde estavam cerca de 300 prisioneiras judias, porque estava cumprindo o seu dever como guarda, Hannah entoa o mesmo discurso, embora com outras palavras, dos oficiais nazistas durante os julgamentos de Nuremberg, o quais sempre afirmaram que apenas “cumpriam ordens”. Será possível amar e ajudar alguém assim? Essa questão deve corroer as mentes de muitos alemães que hoje se perguntam (ou até mesmo sabem) da participação de parentes nestes atos de extermínio.

Mas seria injusto resumir “O Leitor” a apenas mais um filme sobre o holocausto. Trata-se também de uma estória de formação, de um rapaz transformando-se em homem, com todas as implicações que desta afirmação possam surgir. Ao mesmo tempo em que descobre os prazeres do sexo com Hannah, também descobre a dor de uma separação e das inevitáveis decepções com o outro, ao mesmo tempo em que é levado a tomar decisões extremamente difíceis. Há ainda um subtexto de sedução bastante interessante, onde Hannah é seduzida pelas belas palavras lidas por Michael nos livros, lembrando que as fêmeas humanas muitas vezes se sentem mais atraídas pelo que ouvem do que pelo que vêem, diferente do desejo meramente visual masculino. Levando essas nuances em conta, resta claro que o longa, para surtir o efeito desejado, teria de contar com um elenco talentoso o suficiente para traduzir tais inquietações em cena. E vamos direto à pergunta que você deve estar se fazendo: Kate Winslet merece a indicação e, até mesmo, levar a estatueta do Oscar? Sim, ela está ótima na caracterização da personagem, como é seu hábito. Nunca assisti a uma produção em que Kate não estivesse bem e esta não é exceção (também não é exceção a exibição de seus belos seios, mostrados em boa parte das produções em que ela atua, até em Titanic). Entretanto, devo confessar que a atuação que mais me impressionou foi a de David Kross, o qual interpreta Michael ainda jovem. O rapaz parece ter um grande futuro e não estranharei se seu nome passar a freqüentar as listas de indicados em premiações. Já Ralph Fiennes, inegavelmente um grande ator, parece um tanto perdido com o personagem de Michael já maduro, com uma atuação excessivamente “inglesa”.

Por outro lado, lembrando das outras quatro indicações do longa, seria um exagero atribuir-lhe um prêmio de melhor filme, por exemplo. “O Leitor” é um bom trabalho que, por tratar de holocausto, ganha de imediato a simpatia dos membros da Academia, o que me faz lembrar a piada de Rick Gervais, no Globo de Ouro, de que bastaria Kate Winslet trabalhar em um filme sobre o holocausto para ganhar prêmios (e isso tem lá seu fundo de verdade). E, embora trate de temas relevantes, não convém exagerar na dose.

Cotação: **** (quatro estrelas)
Nota: 9,0.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Festival de Berlim 2009

E teve início nesta quinta-feira, dia 05/02, a 59ª edição do Festival de Berlim. Esse ano, o júri será presidido pela atriz Tilda Swinton (vencedora do Oscar de atriz coadjuvante 2008) e homenageará nomes memoráveis como os diretores Claude Chabrol e Manoel de Oliveira, além do compositor Maurice Jarre. O longa de abertura foi "The Internetional", dirigido por Tom Tykwer (o mesmo de "Corra, Lola, Corra") e que tem Clive Owen e Naomi Watts no elenco. Vale lembrar que Berlim tem um gosto especial por filmes brasileiros, já entregando o Urso de Ouro para "Central do Brasil" e "Tropa de Elite". Qualquer notícia interessante sobre o Festival terá sua menção neste espaço.

Obs. As meninas, principalmente, devem estar se pergutando "que filme é aquele com um bebê tão fofo no cartaz?". Trata-se de "Ricky", o novo filme de François Ozon que terá sua premiére em Berlim. O longa trata de um bebê que voa porque nasceu com um par de asas (já vi algumas imagens e parece ser bastante divertido, além de obviamente "fofo").

Obs. 2. O crédito da foto vai para o Kléber Mendonça Filho, que está fazendo a cobertura do evento.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Premiações - DGA e Annie Awards

O Sindicato dos Diretores (Directors Guild) divulgou, neste último domingo, os seus premiados. E Danny Boyle levou o prêmio de melhor diretor por "Quem Quer Ser Um Milionário?" tornando-se já quase que o vencedor do Oscar. Em 48 edições do DGA, em apenas 6 oportunidades não houve coincidência com o vencedor do Oscar. Se for participar de algum bolão, nem pense em apostar em outro. Na categoria de documentário, o vencedor foi Ari Folman por "Valsa Com Bashir" (no Oscar, ele concorre como filme estrangeiro).

Já no Annie, prêmio entregue pela International Animated Film Society, o grande vencedor, para surpresa geral, foi "Kung-Fu Panda", que levou nada menos que 10 prêmios, incluindo o de melhor longa metragem animado, derrotando o grande favorito "Wall-E". Olha, "Kung-Fu Panda" é uma boa animação, mas destronar "Wall-E" dessa forma me parece até meio ridículo. Será que a Academia vai entrar nessa de achar que já premiou demais a Pixar? Espero que não.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cinemúsica


Piaf – Um Hino Ao Amor
(La Môme)

Para não ser esquecida


A morte é o que de mais certo temos na vida. Esta é uma frase de verdade inquestionável, repetida em qualquer parte do mundo diariamente, independentemente de cultura ou crenças. Buscando superar este fato inevitável, o ser humano tem, ao gerar filhos, uma forma de escapar da mortalidade, fazendo de um novo ser uma continuação de sua existência. Entretanto, se ter filhos é a maneira mais comum de se buscar alguma forma de imortalidade, algumas outras existem e talvez tragam uma sobrevida ainda maior, fazendo com que aquele ser humano seja lembrado até mesmo por pessoas que nunca chegaram a conhecê-lo.

Piaf encontra-se nesta segunda categoria. Sua única filha morreu com apenas 2 anos de idade. E isso foi apenas um dos fatos extremamente tristes de uma vida permeada por imensas dores. Nascida Giovanna Gassion (foi seu primeiro empresário, Louis Leplées, que lhe deu o sobrenome Piaf, que significa “pardal” em francês), ela nasceu pobre, para não dizer miserável, filha de uma cantora de ruas e um pai contorcionista de circo. Praticamente abandonada pela mãe, que vivia pelas ruas bêbada, foi levada pelo pai para viver com a avó, uma cafetina. No bordel, tem as atenções das prostitutas, as quais vê como “mães”. Além da bizzara situação de viver em um cabaré, Édith ainda sofre com uma cegueira momentânea, provocada por uma inflamação nas córneas. Logo depois, é levada pelo pai para viver no circo e, posteriormente, nas ruas, já que o mesmo acaba abandonando a companhia. Em uma das apresentações do pai nas ruas, a platéia exige que a garota também apresente algum número, e eis que ela canta “A Marselhesa”, arrancando aplausos de todos os ouvintes. Mas esse era só o início de uma carreira de enorme sucesso, tendo como contraponto uma vida que continuou repleta de infortúnios.

Entretanto, à parte todas estas dificuldades, Édith tornou-se lembrada de tal forma que inspira filmes como “Piaf – Um Hino Ao Amor” (bastante dispensável este subtítulo piegas em português), produção francesa de 2007 dirigida por Olivier Dahan, a qual mostra-se bastante feliz na sua tentativa de retratar a personagem. Seu aspecto mais peculiar é que ele quase deixa de lado os momentos felizes da vida e carreira da famosa cantora francesa para concentrar-se nos seus momentos doloridos, sofridos. É bastante comum, nas cinebiografias de Hollywood, o roteiro sustentar-se numa série de infortúnios até que o protagonista alcance uma redenção através de sua arte, levando-o ao sucesso e riqueza. Não há redenção em “Piaf”. Desde o início o diretor nos mostra, com uma narrativa não linear, tanto sua infância difícil como o fim de sua vida igualmente sofrido, com um corpo atacado por várias doenças. E isso demonstra claramente que a vida está longe de ser uma estrada “com destino à felicidade”, como tão comumente alguns filmes e programas televisivos querem fazer acreditar. A vida é guiada, muitas vezes, pelo imponderável, sendo a vida de Piaf um belo exemplo disso e os realizadores do longa em comento não buscaram se afastar dessa ideia.

Mas há outros pontos que lembram, sim, o cinema de Hollywood. O esmero na reconstituição de época, a fotografia e, principalmente, a maquiagem que deu à atriz Marion Cottilard as feições de Piaf são excepcionais (a maquiagem, é bom dizer, foi premiada com o Oscar). Por outro lado, à parte a excelência da produção, o elemento que mais salta aos olhos do espectador é a atuação arrebatadora de Cottilard. Arrisco dizer que esta talvez seja uma das mais impressionantes atuações da história do cinema. Muito embora não seja possível afirmar que Cottilard incorporou de fato Édith Piaf (eu, pelo menos, vi poucas imagens de Piaf e não tenho informações suficientes sobre sua personalidade), trata-se de um trabalho de composição meticuloso em que, segundo suas próprias palavras, ela procurou não apenas imitar a personagem histórica, mas também impor uma força interior e emocional que transmitisse todo o turbulento mundo interior da artista. A seqüência em que Édith recebe a notícia da morte de seu grande amor é memorável, belíssima, não só pela forma peculiar como ela foi engendrada, mas também pela força da atriz em cena. É possível que este seja o caso de “Oscar mais bem entregue” de todos os tempos. Não há como imaginar que havia outra atriz que merecia mais a láurea do que Cottilard.

Também interessante a forma como Dahan resolveu pontuar a narrativa com as canções de Piaf adequadas para cada momento mostrado na tela. Clássicos como “Mon Dieu” e “Non, Je Ne Regrete Rien” já emocionam quando simplesmente ouvimos essas canções. Quando associadas a imagens que se coadunam ao seu significado, as músicas adquirem um efeito ainda mais superlativo, podendo levar qualquer assistente às lágrimas. Aliás, talvez seja este um dos poucos problemas do longa. Como já falado anteriormente, Dahan escolheu (ele também é o roteirista) os momentos mais pungentes da vida da cantora para serem mostrados e, utilizando destas ferramentas que catalisam emoções, o filme parece sempre procurar emocionar a platéia, o que pode acabar se tornando manipulador. O problema só não se torna maior porque, é preciso reconhecer, o diretor atinge seu objetivo nesta empreitada, fisgando o público em cada seqüência. Outro problema reside em especular pouco sobre fatos que desabonariam o caráter de Piaf, como o seu possível envolvimento no assassinato de Louis Leplée. Os seus defeitos mais registrados são aqueles mais comuns ou, dependendo do ponto de vista, menos antipáticos, como beber demais ou dar respostas ácidas aos jornalistas. Além disso, ela foi muito mais volúvel em termos amorosos do que é mostrado em cena, fazendo bastante o perfil de celebridade “Caras” que nos é bastante familiar hoje em dia.

Mas o melhor do longa talvez seja a sua capacidade de mostrar que Édith Piaf alcançou, mesmo sem deixar descendentes, o status de imortal. A menina miserável, que tantas agruras sofreu ao longo de sua existência, conseguiu, por meio se sua arte, tornar-se maior do que a vida. Sua voz inesquecível (basta ouvir Piaf uma única vez para conseguir diferenciá-la de qualquer outra intérprete) é capaz de fazer brotar emoções mesmo no coração mais duro, ou mesmo que o ouvinte não entenda nada de francês (eu, por exemplo, confesso que pouco conheço da língua francesa). Uma vida sofrida, mas uma vida imortal.

Cotação: **** (quatro estrelas)
Nota: 9,0