quinta-feira, 30 de julho de 2009

Festival de Veneza 2009 - Selecionados

Foi divulgada hoje a lista de filmes selecionados para a 66ª edição do Festival de Cinema de Veneza, o mais antigo do mundo. Entre eles, há dois longas brasileiros, sendo um ficção e outro documentário. O primeiro é "Insolação", longa de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, que mostra as dificuldades de se viver em uma grande metrópole, no caso a capital federal, a abstrata Brasília. O elenco conta com Paulo José, Simone Spoladore e Leonardo Medeiros. Já o documentário tem o belo título de "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo", de Marcelo Gomes e Karïm Aïnouz (este último, diretor de "Madame Satã"). Ambos serão exibidos na mostra "Horizontes" e não disputam o Leão de Ouro, prêmio principal do Festival.

(Cena de "Insolação")

Os principais destaques desta edição do evento são a nova provocação de Michael Moore, "Capitalism: A Love Story", documentário sobre a atual crise econômica global, e a mais nova produção dirigida por Werner Herzog: "Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans", que tem no elenco Nicolas Cage e Val Kilmer. Louvável a inclusão neste ano do mais novo longa de George A. Romero (o famoso criador do gênero zumbi), "Survival Of The Dead". Aliás, parece que Veneza anda tendo uma queda por longas de terror com toques de filme "B". Basta lembrar que "Encarnação do Demônio", do nosso Zé do Caixão, foi exibido por lá ano passado. O filme que abrirá o festival será "Baaria", de Giuseppe Tornatore, o adorado diretor de "Cinema Paradiso", e o júri este ano será comandado por Ang Lee.

Também haverá um prêmio especial pelo conjunto da obra para John Lasseter, o cerébro responsável pela Pixar Animation Studios, provavelmente o estúdio com o status de qualidade mais significativo do cinema atual. Segundo palavras do diretor do festival, Marco Müeller (um confesso fã de animações), Lasseter é "um dos grandes inovadores e experimentadores de Hollywood.” Concordo plenamente.

Segue abaixo a lista dos filmes selecionados para este ano de 2009 (atenção ainda para os longas de Steven Soderbergh e Oliver Stone, fora de competição). O país com maior número de produções é a Itália (22) e, logo em seguida, os EUA (17). O Festival vai de 02 a 12 de setembro.


Mostra competitiva

"Baaria", de Giuseppe Tornatore (Itália)
"Soul Kitchen", de Fatih Akin (Alemanha)
"La Doppia Ora", de Giuseppe Capotondi (Itália)
"Accident", de Cheang Pou-Soi (China/ Hong Kong)
"Persecution", de Patrice Chereau (França)
"Lo Spazio Bianco", de Françasca Comencini (Itália)
"White Material", de Claire Denis (França)
"Mr. Nobody", de Jaco van Dormael (França)
"A Single Man", de Tom Ford (EUA)
"Lourdes", de Jessica Hausner (Áustria)
"Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans", de Werner Herzog (EUA)
"The Road", de John Hillcoat (EUA)
"Between Two Worlds", de Vimukthi Jayasundara (Sri Lanka)
"The Traveller", de Ahmed Maher (Egito)
"Lebanon", de Samuel Maoz (Israel)
"Capitalism: A Love Story", de Michael Moore (EUA)
"Women Without Men", de Shirin Neshat (Alemanha)
"Il Grande Sogno", de Michele Placido (Itália)
"36 vues du Pic Saint Loup", de Jacques Rivette (França)
"Survival of the Dead", de George Romero (EUA)
"Life During Wartime", de Todd Solondz (EUA)
"Tetsuo The Bullet Man", de Shinya Tsukamoto (Japão)
"Prince of Tears", de Yonfan (Hong Kong)


Fora de competição

"REC 2", de Jaume Balaguero, Paco Plaza (Espanha)
"Chengdu, I Love You", de Fruit Chan, Cui Jian (China)
"The Hole", de Joe Dante (EUA)
"The Men Who Stare at Goats", de Grant Heslov (EUA)
"Scheherazade, Tell Me a Story", de Yousry Nasrallah (Egito)
"Yona Yona Penguin", de Rintaro (Japão)
"The Informant!", de Steven Soderbergh (EUA)
"Napoli Napoli Napoli", de Abel Ferrara (Itália)
"Anni Luce", de Françasco Maselli (Itália)
"L'oro di Cuba", de Giuliano Montaldo (Itália)
"Prove per una tragedia siciliana", de John Turturro, Roman Paska (Itália)
"South of the Border", de Oliver Stone (EUA)


Mostra Horizontes

"Françasca", de Bobby Paunescu (Romênia)
"One-Zero", de Kamla Abou Zekri (Egito)
"Buried Secrets", de Raja Amari (Tunísia)
"Tender Parasites", de Christian Becker e Oliver Schwabe (Alemanha)
"Adrift", de Bui Thac Chuyen (Vietnã)
"Crush", de Petr Buslov e outros (Rússia)
"Repo Chick", de Alex Cox (EUA)
"Engkwentro", de Pepe Diokno (Filipinas)
"The Man's Woman and Other Stories", de Amit Dutta (Índia)
"Paraiso", de Hector Galvez (Peru)
"Io sono l'amore", de Luca Guadagnino (Itália)
"Cow", de Guan Hu (China)
"Judge", de Liu Jie (China)
"Pepperminta", de Pipilotti Rist (Suíça)
"Tris di donne e abiti nunziali", de Martina Gedeck (Itália)
"Insolação", de Daniela Thomas e Felipe Hirsch (Brasil)
"1428", de Du Haibin (China)
"Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo", de Marcelo Gomes e Karim Ainouz (Brasil)
"Once Upon A Time Proletarian: 12 Tales of a Country", de Guo Xiaolu (China)
"Villalobos", de Romuald Karmakar (Alemanha)
"Il colore delle parole", de Marco Simon Puccioni (Itália)
"The One All Alone", de Frank Scheffer (Holanda)
"Toto", de Peter Schreiner (Áustria)

Musas do Escurinho #7


Sandra Bullock está nas telas com a comédia romântica "A Proposta" e, aos 45 anos, ela continua mexendo com a cabeça de muito marmanjo por aí...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Inimigos Públicos


Michael Mann Pop

Michael Mann é um dos diretores americanos mais reverenciados pela crítica na atualidade. Infelizmente, apenas pela crítica. Responsável por vários filmes excelentes nos últimos anos, como “Colateral” e “Miami Vice”, suas obras, entretanto, não costumam ser sucessos de bilheteria e também não rendem prêmios ou mesmo indicações ao Oscar. Entretanto, talvez este quadro mude com “Inimigos Públicos”, seu mais recente projeto, e não apenas por seu elenco, que reúne os astros Johnny Depp, Christian Bale e a vencedora do Oscar Marion Cotillard, como também pelo fato de Mann, aparentemente, ter encontrado a fórmula para agradar à platéia (e possivelmente à Academia) sem perder as suas características.

Da mesma forma que em alguns de seus outros trabalhos, Mann estabelece o conflito entre dois homens que se assemelham em suas personalidades e necessidades, mas que se encontram em lados opostos. Foi assim em “Fogo Contra Fogo”, produção que reuniu as lendas Robert De Niro e Al Pacino, e também em “Colateral”, com Tom Cruise e Jamie Foxx. Contudo, desta feita inseriu uma carga maior de sentimento aos seus personagens. Ou, talvez, o termo “maior” não seja o mais correto, sendo melhor definir como mais explícito. Isso porque as personas dos tipos comumente mostrados em seus longas costumam ser bastante introspectivas, o que visualmente resulta em rostos fechados e pensativos, que pouco expressam as emoções da forma como o público está mais habituado. O que também não significa que ele tenha abraçado o melodrama, as emoções fáceis.

A trama narra, de forma romanceada, os últimos eventos da vida de John Dillinger (vivido por Johnny Depp), famoso assaltante de bancos dos EUA nos anos 30, época em que também estava sendo criado o famoso Federal Bureau Of Investigation, mais lembrado pela sigla FBI, cujo agente Michael Purvis (Christian Bale) torna-se o cão perdigueiro na cola do fora-da-lei. Dillinger desfrutava de grande empatia com a população, pois que se recusava a roubar o dinheiro daqueles que estavam nos bancos no momento do assalto, levando apenas o numerário dos banqueiros, acusados de serem os responsáveis pela crise econômica então reinante (não é mera coincidência que também o sejam hoje). São novos tempos, nos quais o crime está se tornando cada vez mais organizado e complexo, tornando ultrapassados bandidos como Dillinger (e também seus métodos), o qual está tentando se adequar às novas táticas criminosas. O seu opositor Purvis também procura se adaptar ao perceber que seus velhos métodos são insuficientes para capturar criminosos do porte de Dillinger ou Baby Face. Ademais, ambos vivem o conflito entre suas atitudes e seu lado mais humano, nem sempre condizente com seus objetivos.

A mencionada dialética entre o antigo e o novo também encontra eco na forma como Mann nos apresenta os acontecimentos. É sabido que o diretor foi um dos primeiros a abraçar a técnica digital de filmagem, abandonando a película. Isso tem resultado em experiências visuais peculiares ao assistirmos suas obras. E, desta vez, a experiência se torna ainda mais curiosa por se tratar de um filme de época. Assim, temos o velho filmado com o novo, uma mistura extremamente bem-vinda, com resultados surpreendentes (e sempre belos). A sequência do tiroteio em um bosque, por exemplo, com o fogo das armas iluminando as cenas, é de tirar o chapéu. O equilíbrio antigo-moderno também é demonstrado pelo ritmo acelerado do roteiro (escrito a seis mãos por Ann Biderman, Ronan Bennet e o próprio Mann), em que os fatos se sucedem sem muito intervalo para respirar (como era comum nos outros filmes do diretor), numa ação contínua, quase ininterrupta.

E é justamente esse um dos pontos que fazem desse novo Michael Mann um produto de mais fácil degustação pelas massas. Muitos poderão ver o filme como um ótimo longa de ação (muito embora esteja bem longe de ser apenas isso) e mesmo o público feminino poderá sair recompensado através do romance entre Dillinger e Billie (Marion Cottilard, num momento em que mostra que está longe de ser feiosinha como Edith Piaf), provavelmente a relação amorosa mais interessante e convincente de toda a obra de Mann. A cena final da projeção (que não vou contar aqui para não estragar) é cortante, bela e emocional como poucas filmadas pelo diretor. Realmente memorável e não duvido que mesmo os corações mais durões poderão deixar a sala de cinema dizendo que entrou um cisco no olho. Mas é bom também lembrar que, talvez mais raro do que cenas de apelo emocional, seja a presença do humor em um longa do cineasta. Em “Inimigos Públicos” ele existe e de maneira inesperadamente eficiente (além de perfeitamente adequada ao clima e à temática da obra). E os elementos de caráter pop não param por aí. A trilha sonora é um exemplo disso, mostrando-se envolvente e certeira, com a inclusão até de uma interpretação de Diana Krall (que, inclusive, faz uma ponta como a cantora do restaurante onde Dillinger e Billie se conhecem), além de referências ao próprio cinema (como o filme com o Clark Gable a que Dillinger assiste).

E o sucesso da empreitada se mostra ainda mais completo ao percebermos o comprometimento do elenco nesse trabalho. Ninguém parece estar no piloto automático, mas quem se destaca é mesmo Depp com seu talento e carisma marcantes, além de Cottilard (quando você assistir à tal cena final, vai entender ainda melhor o porquê do meu elogio a ela).

Ao deixar a sala de projeção, percebi que estava surgindo um novo Michael Mann, mais moderno, ágil, popular, mas sem que, com isso, tenha deixado de existir o antigo Mann, aquele que procura perscrutar as entranhas dos personagens e assim entender suas ações, além de suas contradições. Muito embora possa ser acusado de mostrar o crime, mais uma vez, de forma glamurizada (o que é latente no estilo “cool” encarnado por Depp, embora eu acredite que esse tipo de acusação já esteja muito demodé), trata-se de uma obra de peso, belissimamente filmada, com uma edição primorosa e um impacto somente comparável, na carreira do cineasta, ao seu brilhante “Miami Vice”. É sempre ótimo quando vemos um artista que consegue se reinventar sem perder sua essência. E é desta forma que os grandes talentos se fazem notar.

Cotação: * * * * * (cinco estrelas)
Nota: 10,0.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Eu quero esse pôster # 2


Eu simplesmente venero o pôster de "Kill Bill Vol. 1"! Um verdadeiro achado pop para pendurar na parede do quarto. Ou mesmo da sala de estar. Vale dizer que também sou fã do filme, um daqueles que não canso de assistir. Na minha modesta opinião, o melhor de Tarantino. Opa, em duas edições dessa série, duas imagens promocionais de filmes do diretor de "Pulp Fiction". Talvez porque ele saiba como ninguém que cinema é arte, mas também é cultura de massas. Clique aqui para ver a imagem no formato 1021x1400.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Woody Allen no Brasil


Após alguns meses de silêncio, os rumores sobre a possibilidade de Wooy Allen filmar no Brasil estão de volta. O presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão, soltou a seguinte frase para o portal G1: “Allen vai dirigir um longa-metragem no Rio em 2011”. O executivo afirmou que está em contato direto com produtores do genial diretor e o filme deverá contar com a participação de uma produtora brasileira, encaixando-se nos moldes dos recentes longas de Allen realizados fora de Nova York ("Match Point", "Scoop" e "O Sonho de Cassandra", na Inglaterra, e "Vicky Cristina Barcelona" na Espanha). Não há nada certo ainda sobre o elenco e nem mesmo sobre a trama. De qualquer forma, Allen já disse que considera o Brasil e a Argentina países muito interessantes, onde podem ser contadas ótimas histórias. Bem, vamos esperar que, por aqui, ele também esteja tão inspirado quanto em Barcelona. Enquanto isso, a estreia de seu novo filme, "Tudo Pode Dar Certo" (em que retorna a Nova York), está prevista para 6 de novembro no Brasil.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lua de São Jorge, Lua deslumbrante...

Há 40 anos anos a humanidade ouvia a frase: "um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade", proferida por Neil Armstrong, o primeiro ser humano a pisar a Lua, pelo menos em tese. Sim, em tese, porque, sinceramente, diante das dificuldades que a Nasa apresenta hoje em dia para fazer mais uma viagem ao satélite natural, afirmando que apenas em 2020 poderá realizar mais uma expedição segura, eu começo a desconfiar que as teorias conspiratórias possam ser verdadeiras. Será que não foi tudo uma filmagem realizada pelo Stanley Kubrick?

Bem, o fato é que a historiografia oficial consigna que o homem realmente chegou à Lua. Lembrando disso (nem poderia deixar de lembrar, já que a mídia não permitiria esquecer), venho aqui fazer uma singela homenagem a esse feito do homo sapiens. A imagem acima (bastante conhecida, por sinal) é do filme "Viagem à Lua"(Le Voyage Dans La Lune), do francês Georges Méliès, uma das obras mais inovadoras da sétima arte. Antes dessa produção (de 1902), os filmes sequer possuíam uma trama, limitando-se a registrar cenas do cotidiano ou acontecimentos históricos ou sociais. Trata-se, ademais, do nascimento de um gênero, na então ainda embrionária forma de expressão artística: a ficção científica. E com esse novo gênero também nasceriam elementos muito caros ao cinema contemporâneo: os efeitos especiais. Méliès era ilusionista e utilizou toda sua técnica para transpor para tela a atmofesra fantasiosa que havia concebido. Baseado em duas obras literárias ("Da Terra à Lua", de Júlio Verne, e "O Primeiro Homem na Lua", de H.G. Wells),o filme conta a história de um grupo de astrônomos que viaja à Lua em uma cápsula lançada da Terra por um canhão. Acredito que o curta tem mais importância para o cinema do que a viagem da Apollo XI para a humanidade. Se é que esta última não foi apenas mais uma produção de Hollywood... Você pode apreciar "Viagem à Lua" clicando aqui.

Para terminar, segue abaixo uma imagem daquela que talvez seja a mais fantástica cena do cinema envolvendo o nosso querido e desolado satélite. Acho que não preciso dizer a que filme pertence. Obrigado, Steven Spielberg!




domingo, 19 de julho de 2009

Carta na Rolling Stone



Olá, pessoal!

Bem, não considero isso algo tão relevante, mas acabei me sentindo um pouco lisonjeado por ver a seguinte mensagem publicada na seção de cartas da revista Rolling Stone deste mês de julho (página 14, sob o título "Pornô Pop"). Eles editaram apenas a frase em que faço referência ao comportamento dos pais. É bom ver que uma publicação tão renomada garante espaço mesmo para aqueles que eventualmente a criticam (ao contrário de uma certa "revistinha" metida a besta e que de democrática não tem nada). Ah, mas a edição está ótima (como deixam entrever as duas capas deste mês). Recomendo.


É com decepção que vejo na capa de junho (RS 33) uma cantora cujo disco foi desmerecido pela própria revista em sua edição anterior (página 111 da ótima RS 32). Acredito até que a tiragem deveria ter feito constar em sua capa a advertência "inadequado para menores de 18 anos", tendo em vista o excessivo erotismo da foto que abre a matéria sobre Lady Gaga. Muitos pais com filhos pequenos em casa devem ter pensado duas vezes antes de deixar a revista sobre o centro da sala ou outro local de fácil acesso. Triste constatar o destaque dado por uma publicação que respeitamos a uma "artista" que utiliza expedientes semi-pornôs para disfarçar o seu pouco talento para a música (e que mais uma vez nos é empurrada goela abaixo pela já cambaleante indústria fonográfica).

Fábio Henrique de Araújo Carmo - Natal/RN

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Filmes Para Ver Antes de Morrer


De Volta Para o Futuro




Quantas vezes você já viu?

Um clássico oitentista. Talvez seja essa a melhor forma de definir o longa “De Volta Para o Futuro”, um daqueles filmes que sempre nos dão prazer em rever. Eu mesmo já o tinha visto diversas vezes (pelo menos umas sete ou oito, acredito), mas, mesmo assim, resolvi realizar mais uma sessão reprise nos últimos dias. Até mesmo porque eu já não o via há um bom tempo, alguns detalhes haviam sumido da memória e, já fazia cerca de um ano, tinha comprado a caixa com os três episódios da trilogia e ela, simplesmente, continuava intocada. E é interessante constatar como o filme envelheceu bem. Coloca-se ainda como uma diversão juvenil extremamente eficiente, com um roteiro redondo e ritmo impecável.

Dirigido por Robert Zemeckis (que também escreveu o roteiro ao lado de Bob Galé), o filme é mais um rebento da revolução promovida por Steven Spielberg. Zemeckis é um dos mais fiéis discípulos da escola do gênio por trás de “Tubarão”, “Os Caçadores da Arca Perdida” e “E.T.” e, neste longa sobre um carro que viaja no tempo, ele demonstra que aprendeu direitinho todas as lições transmitidas pelo mestre (não é à toa que Spielberg foi o produtor executivo). Ou seja, uma trama até mesmo banal, que poderia ser encontrada em vários quadrinhos de ficção científica ou filmes B, comuns na Hollywood de décadas anteriores, transforma-se em uma película classe A, garantindo diversão com um acabamento de primeira.

Esse acabamento “classe A” já pode ser vislumbrado logo na primeira sequência, que lembra muito o estilo Alfred Hitchcock de filmar. Nela, a câmera mostra, sem qualquer pressa, os objetos presentes na casa-laboratório do Dr. Emmet Brown (Christopher Lloyd), um cientista maluco cujo visual nos remete imediatamente a Albert Einstein (que dá nome ao seu cachorro, inclusive). Logo em seguida, surge no ambiente Marty McFly (Michael J. Fox, então um astro da TV americana na série “Fammily Ties”), um jovem de 17 anos que pergunta se o cientista está em casa. Pronto! Assim, em pouco tempo, já sabemos que Marty é o jovem ajudante desse “professor Pardal” cinematográfico.

Aos poucos, também vamos conhecendo a família totalmente disfuncional de Marty. Seu pai, George (Crispin Glover), é um derrotado que sofre humilhações nas mãos do seu chefe, Biff. Sua mãe, uma mulher frustrada com o casamento que acalenta ilusões de felicidade. Seus irmãos também parecem estar direcionados a destinos não muito felizes ou promissores. Na verdade, o trabalho ao lado do Dr. Brown, além de sua namorada, são os refúgios de Marty diante dessa realidade não muito animadora.

Contudo, o Dr. Brown está trabalhando em um novo experimento extraordinário. Uma máquina do tempo na forma de um automóvel DeLorean (a mais estilosa máquina temporal já concebida, imagino). E assim, devido a algumas peripécias ocorridas durante a primeira experiência com o DeLorean, Marty acaba indo parar no ano de 1955, pouco tempo antes de seus pais se conhecerem e originarem o romance que futuramente geraria o próprio Marty e seus irmãos. Contudo, além de ter que fazer o DeLorean funcionar novamente (o plutônio responsável pela energia do veículo acabara) com a ajuda de um Dr. Brown ainda bem mais jovem (e também ainda longe de inventar a tal máquina), Marty vai se ver na inusitada situação de ser o alvo da paixão de sua própria mãe o que pode trazer uma consequência gravíssima: se seus pais não se apaixonarem, ele próprio deixará de existir.

E assim se desenrola o engenhoso roteiro, que sabe misturar, como poucos, aventura, ficção científica e comédia, tudo perfeitamente dosado em sequências memoráveis e atemporais. Quem se esquece da fuga de Marty em seu skate improvisado pelas ruas de Hill Valley? Ou ainda de sua apresentação no baile em que seus pais se apaixonam? Creio que todos os que assistiram não esquecem.

É bom ressaltar que não só o roteiro é ótimo. A direção de arte é perfeita e o elenco está afiadíssimo. Inimaginável outro ator no lugar de Michael J. Fox no papel de Marty, assim como Christopher Lloyd está perfeito na pele do amalucado Dr. Brown. Crispin Glover, como pai de Marty, e Lea Thompson, com sua mãe, também estão ótimos, se divertindo à beça. E ainda vai um destaque especial para Thomas F. Wilson que faz Biff, um dos mais divertidos vilões da história do cinema. Importante destacar, ademais, o verdadeiro personagem em que se transforma a cidade de Hill Valley, com seus tipos, paisagem e elementos característicos, colocando-se como uma das mais memoráveis cidades ficcionais das telonas.

E mesmo das telinhas. A verdade é que “De Volta Para o Futuro” transformou-se em um clássico das locadoras (e, atualmente, das lojas de DVDs) e várias foram as oportunidades em que eu, ainda garoto, loquei a fita na antiga e saudosa“Vitória Régia”. Uma aventura atemporal e sem idade, capaz de agradar ao menino de 10 anos ou ao senhor de 60, que brinca com a imaginação do espectador. Afinal, quem não gostaria de ver como eram seus pais quando jovens? Ou, ainda, quem, pelo menos uma vez na vida, não teve vontade de alterar pelo menos um pouquinho o seu passado? Bons filmes estes, que conseguem agregar diversão à mais fértil imaginação.

Obs. A canção tema do longa, “The Power Of Love”, está disponível no post abaixo. É só curtir!

Obs 2. Uma curiosidade: o bêbado no banco da praça era o prefeito de Hill Valley em 1955. Detalhes como esse é que nos fazem ainda ter vontade de ver o filme mais uma vez.

Obs. 3: Também não deixe de ver as duas continuações, igualmente divertidas e inteligentes!

Cotação: * * * * * (cinco estrelas)
Nota: 10,0!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Trilha Sonora #5


Quem nunca se empolgou com as peripécias intertemporais de Marty McFly, o inesquecível viajante do tempo imortalizado por Michael J. Fox? Dia desses, revi o primeiro episódio da trilogia "De Volta Para o Futuro" e constatei que o tempo parece fazer bem a esse clássico oitentista absoluto! E quem não se lembra da canção tema do longa, "The Power Of Love"? Tão inesquecível quanto!

Obs. Estou escrevendo uma resenha sobre "Back To The Future", mas que anda meio empacada. Espero que a inspiração me deixe terminar o mais breve possível.



Huey Lewis And The News - Power Of Love

domingo, 12 de julho de 2009

Presente!

Perceberam o novo cabeçalho do blog? Trata-se de um pequeno presente do meu primo e amigo Isaac (também blogueiro, clique aqui para conhecer a página) para este 1 ano do "Cinema com Pimenta". Valeu, primo! Já fazia um tempo que estava querendo aperfeiçoar o cabeçalho, mas andava sem muita paciência para trabalhar com programas de edição de imagem. Ficou o máximo!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Cinema Com Pimenta: 1 ano

Nada passa mais rápido que o tempo. Há um ano, no dia 11 de julho de 2008, eu publicava neste espaço a resenha de "Wall-E", uma das melhores animações da Pixar, e inaugurava o blog "Cinema Com Pimenta". Alguns que me acompanharam ao longo destes 365 dias talvez não saibam, mas o nome do blog vem do meu apelido nos fóruns de discussão sobre os Beatles, onde sempre postei como "Sgt. Pepper", e os amigos que fiz nestes espaços virtuais acabaram por se habituar a me chamar de "Pepper" ou, traduzindo, "Pimenta". De qualquer forma, o título também acaba tendo um outro sentido, o de procurar mostrar que o cinema aqui debatido é aquele bem temperado! Nada de gororobas sem graça, portanto.

Bom lembrar, ainda, que o espaço foi criado a partir da insistência de alguns amigos. Eu já escrevia resenhas havia um bom tempo e costumava enviá-las por e-mail para aqueles da minha lista de contatos, além de postá-las nos referidos fóruns de discussão. "Por que você não cria um blog, Fábio? Você escreve tão bem!". Pois bem, sugestão aceita e aqui estamos nós, no post de nº 163, tentando driblar a fata de tempo e, por vezes, de inspiração para escrever (acho que todo blogueiro passa por essas em algum momento), isso sempre em busca, óbvio, de ver o número de acessos crescer e, principalmente, de encontrar alguns dizeres na área de comentários (que coisa difícil é conseguir um comentário, nossa...).

Bem, para marcar este primeiro aniversário do blog, segue abaixo aquela que talvez seja a cena mais icônica da história do cinema, a mais famosa, a mais lembrada por muitos cinéfilos, por não -cinéfilos e até por quem nunca assistiu a esse filme. Se você não viu, aconselho-o(a) a ver o mais rápido possível. Afinal, estas fotos de "Casablanca" não estão no topo desta página por mero acaso. Um presente para todos aqueles que já tiveram o coração partido pelo menos uma vez na vida.





quarta-feira, 8 de julho de 2009

A Era do Gelo 3 bate recorde em sua estreia no Brasil


"A Era do Gelo 3" (a resenha do longa está mais abaixo) se tornou a animação com a melhor abertura no Brasil. Em eu primeiro final de semana, 1.230.000 espectadores assistiram à mais nova aventura dos animaizinhos pré-históricos, arrecadando R$ 12,1 milhões de reais. Somando as arrecadações das pré-estreias, o filme já soma R$ 20 milhões. No geral, "A Era do Gelo 3", se tornou a quarta maior abertura da história aqui na Terra Brasilis, perdendo apenas para a trologia "Homem-Aranha". Eu já estava desconfiado deste sucesso. Aqui em Natal, 6 salas estão exibindo o filme e, mesmo com sessões iniciando a cada meia hora, elas estavam cheias neste fim de semana. Vale dizer ainda que, pelo menos nos cinemas brasileiros, a animação de Carlos Saldanha já deixou "Transformers 2" bem pra trás (R$ 2,78 milhões neste último fim de semana).

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Musas do Escurinho #6

Eu estava dando uma olhada nas estatísticas do blog no Google Analytics e percebi que, mais do que o texto e as fotos do Michael Jackson, o blog tem bombabo com os acessos em busca de fotos da Megan Fox. Pois, em homenagem a essas pessoas de bom gosto que vêm proporcionando uma boa "audiência" a este espaço, aqui vão mais duas fotos da atual musa cinematográfica da marmanjada. Uma delas para o ensaio da revista GQ e outra para Maxim. Será que agora eu finalmente alcanço os 1000 acessos diários? ;=)




domingo, 5 de julho de 2009

A Era do Gelo 3

Não precisa de desculpas


O diretor Carlos Saldanha é hoje o brasileiro de maior destaque em Hollywood. Isso porque é responsável por uma das franquias mais criativas, divertidas e, principalmente levando em conta o país de produção, lucrativas dos últimos anos. Trata-se da série “A Era do Gelo”, a qual sempre traz uma trama direta e pensada de uma forma a agradar crianças e adultos. E há sinceridade nessa pretensão, não se tratando de longas para crescidos disfarçados de filmes para crianças (como é o caso da série “Shrek”). Ademais, em sua perspectiva de “filme família”, sua temática constante é justamente... a família! E este terceiro episódio (Ice Age: Dawn Of The Dinosaurs) é o que mais reforça esta abordagem.

Agora, ao revermos nossos velhos conhecidos, os mamutes Manny e Ellie estão para ter um bebê. Todavia, contrastando com a alegria do casal, o tigre dentes-de-sabre Diego sente-se deslocado e com saudade de sua vida errante e selvagem, o que o leva a deixar o estranho bando do qual passou a fazer parte no primeiro episódio. A preguiça Sid (um dos mais lembrados e carismáticos personagens da franquia) também deseja ter uma família e, na ausência de uma companheira, decide adotar os ovos encontrados em uma estranha região subterrânea. Mal sabe ele que são ovos de dinossauro e, quando a mamãe dinossauro volta para buscar seus filhotes, acaba levando Sid juntamente com estes para o mundo subterrâneo ainda dominado pelos répteis gigantes. Para resgatar o amigo, Manny, Ellie e Diego, além dos gambás Crash e Eddie, se aventuram neste mundo desconhecido.

Uma das grandes sacadas desta nova sequência é o personagem de Buck, uma doninha caolha que há muito tempo vive nesta terra de dinossauros e que vai ajudar na busca ao trapalhão Sid. Com um tom que lembra levemente o capitão Jack Sparrow, de “Piratas do Caribe”, e mais ainda o capitão Ahab, de “Moby Dick”, Buck rouba a cena por diversas vezes (há uma cena em que ele atende ao “celular” realmente impagável) e é interessante como os roteiristas souberam, em pouco tempo, criar toda uma alegoria própria para o personagem. Ele é tem uma fixação por Ruddy, um dinossauro gigantesco que assombra todos os outros do mundo perdido. Aliás, bom sublinhar que o humor está mais afiado do que nunca.

Uma pena eu não poder tecer maiores comentários sobre os aspectos técnicos. O filme originalmente possui várias seqüências pensadas para o 3D, tecnologia que está se tornando a menina dos olhos do mercado atual (principalmente na área de animação), pois que se acredita que isso fará muitos saírem de casa para ver os filmes nas salas de cinema. E aqui em Natal, infelizmente, não possuímos nenhuma sala preparada para exibir este tipo de filme. Fica desde já a reclamação para que os exibidores locais acordem para esta nova realidade. O filmes em 3D estão cada vez mais frequentes e o atraso está batendo à nossa porta. De resto, cabe elogiar a dublagem nacional, que não deixa nada a dever ao original americano. Diogo Vilela como Manny, Márcio Garcia (Diego) e Cláudia Jimenez (Ellie) estão ótimos. Entretanto, o destaque maior vai para Tadeu Melo, excelente como a voz de Sid.

“E o Scrat? Esqueceu dele?”. Calma! O famoso e popular esquilo pré-histórico continua em busca de sua noz. Entretanto, dessa vez a noz terá sua atenção disputada com a esquila pré-histórica Scratte (que também quer a noz!), a fêmea que vai virar a cabeça do nosso amigo roedor. O duelo/romance entre os dois é responsável por ótimas cenas ao longo de toda a projeção.

Para resumir: se você está querendo levar, nessas férias, seu filho pequeno (ou sobrinho, irmãozinho, priminho ou seja lá o que for) para uma boa sessão de cinema, aproveite este “A Era do Gelo 3”. Não só ele como você irão se divertir muito. E se não tiver qualquer criança na família, vá assim mesmo. Eu não precisei dessa desculpa para pegar a sessão. Boas risadas!

Classificação: * * * * (quatro estrelas)
Nota: 9,0

Obs. 1: A próxima animação de Saldanha se passará em um ambiente bem mais “quente” que o da série “Ice Age”. Ela se chamará “Rio”. Precisa de mais explicações?

Obs. 2: Como era de se esperar, havia muitos pequenos na sessão. Mas é interessante como as crianças são muitas vezes mais educadas do que vários adultos por aí...

Obs. 3: “A Era do Gelo 3” empatou com “Transformers: A Vingança dos Derrotados” na primeira colocação deste fim de semana nos EUA. Foram 42,5 milhões de dólares arrecadados por ambas as produções e o filme dos robôs já se tornou a maior arrecadação do ano tanto nos USA quando no mundo. Eu ainda não vi “Transformers”, mas estou com a impressão de que a Megan Fox é mesmo a musa do momento!

sábado, 4 de julho de 2009

Eu quero esse pôster # 1



Um dos maiores fetiches de qualquer cinéfilo é o poster promocional de um filme. Imagino que cada um tenha os seus preferidos (eu, por exemplo, adoro os de "Kill Bill vol. 1" e "Menina de Ouro") e gostaria possuí-los em algum cômodo de sua residência. Lembrando disso, abro mais uma série, "Eu quero esse pôster", para lembrar e até descobrir algumas dessas imagens que, por vezes, se transformam em uma autêntica peça de arte. Começo aqui com o pôster mais recente do novo filme de Quentin Tarantino, "Bastardos Inglórios", que, na sua apresentação, lembra mesmo um filme dos anos 40. Por sinal, os filmes de Tarantino costumam mesmo ter cartazes muito bem elaborados, como no mencionado "Kill Bill" e também em "Pulp Fiction".