segunda-feira, 10 de agosto de 2009

G.I. Joe - A Origem de Cobra


É só uma brincadeira...


Se você é homem e está por volta dos 30 (ou um pouco mais ou menos), provavelmente tem na sua memória afetiva os bonecos dos “Comandos em Ação” como parte integrante de sua infância. Se não tem estes, talvez tenha o Falcon, versão anterior (e maior, com cerca de 30cm contra 9,5cm dos Comandos), como lembrança cara da aurora da sua vida. Ambos são os nomes atribuídos no Brasil para os “G.I. Joe”, brinquedos criados pela fabricante Hasbro, a mesma dos Transformers. Os “G.I. Joe” formavam uma espécie de tropa militar de elite que combatiam uma organização paramilitar designada “Cobra”, a qual pretendia destruir o mundo tal como o conhecemos. Esses bonecos da Hasbro fizeram surgir o termo “action figure” (traduzindo: figuras de ação) para esse tipo de brinquedo destinado aos garotos, diferenciado-os das bonecas das meninas (“dolls” em inglês é um termo muito mais usado para definir as bonecas, já que na língua anglo-saxã a questão dos gêneros dos substantivos é mais limitada). Além dos bonecos, também havia vários outros “acessórios”, como carros, submarinos, aviões, bases, helicópteros, motos e mais alguns itens que afundavam o bolso dos pais. A coqueluche dos “Comandos” se tornou maior ainda depois da estreia do desenho animado, que no Brasil foi transmitido entre as animações constantes da grade do “Show da Xuxa”.

Pois bem, nessa nova onda de “adaptações” de brinquedos para as telonas (por mais estranho que possa ser a ideia de adaptar um brinquedo para o cinema), eis que Hollywood nos apresenta este “G.I. Joe – A Origem de Cobra”, o qual chega na esteira do super-sucesso “Transformers: A Vingança dos Derrotados”, até agora a maior bilheteria do ano (e dificilmente será batido). A verdade é que a expectativa era das piores, já que, em algumas exibições de teste junto ao público este não demonstrou empolgação. Os trailers, por sua vez, também não prometiam nada de excepcional e a impressão geral só piorou depois que a Paramount cancelou as cabines para a imprensa americana, normalmente um péssimo indicativo que demonstra a dúvida que o estúdio possui com relação à qualidade do seu produto. Entretanto, diante da fraquíssima safra dos blockbusters em 2009, até que esse “G.I. Joe” não se sai de forma tão horripilante. Apesar da trama acéfala, tem boas sequências de ação. Aliás, ação é o que não falta no filme. Explicando melhor ainda: ação é praticamente tudo que o filme tem a mostrar. Mas é bom lembrar: nem por isso o longa deixa de ser tosco. Ele apenas consegue ser divertidamente ruim.

Isso porque existe quase que apensas um fiapo de roteiro pensado para mostrar as cenas de ação, além das curvas das belas Sienna Miller e Rachel Nichols. A precariedade das ideias é tamanha que os roteiristas Stuart Beattie, David Elliot e Paul Lovett conseguiram até misturar elementos do clássico “O Homem da Máscara de Ferro” com outros que lembram “20.000 Léguas Submarinas” (ou seria Aquaman? Ou, ainda, os quadrinhos do Príncipe Namor? Bem, tanto faz...). Entretanto, até soou boa a iniciativa de mostrar o passado de motivações de quase todos os personagens da trama, muito embora isso seja feito de forma absolutamente sofrível. Só para se ter uma noção da falta de noção das tramas elaboradas, o personagem de Snake Eyes (lembram daquele boneco de máscara e corpo inteiramente negros? Pronto, é ele) não fala absolutamente nada no longa inteiro porque no passado seu mestre ninja (ou sei lá o que) foi assassinado por um garoto que rivalizava as suas atenções com o próprio Snake. Clichê mais batido impossível e, pior ainda, desenvolvido de forma horrorosa, com diálogos pífios.

Diálogos tenebrosos, é bom ressaltar, estão impregnados em toda narrativa, com um elenco que não ajuda muito (à exceção de Dennis Quaid e Sienna, todo o restante do elenco é bem classe B). Scarllet (personagem da bela Rachel Nichols, já mencionada acima) é dona das maiores pérolas do filme. Coisas como “meu pai me ensinou a nunca perder” servem pra mostrar o porquê de seu estilo power fêmea, além de outras pérolas como “não devemos nos deixar dominar pelas emoções”. A Ana Baronesa da Sienna Miller sofre menos com as falas, mas isso também não quer dizer que haja muita inteligência em suas palavras. Pelo menos, Sienna tem muita presença de tela e deve ter sido alertada para não ficar com a boca sempre entreaberta, elemento mais marcante das interpretações de Megan Fox em “Transformers”. A tal baronesa funciona também como catalisadora da testosterona de quase todo o elenco masculino da produção. O único que não tem os quatro pneus arriados por ela é o personagem de Ripcord (personagem do pseudo-comediante Marlon Wayans), o qual é afim da Scarlett.

Mas o longa consegue se salvar quando passa das palavras para a ação. O diretor Stephen Sommers já tinha demonstrado esse talento no primeiro episódio de “A Múmia” (sem querer comparar os dois filmes, já que “A Múmia” é bem melhor) e aqui deixa claro mais uma vez que pelo menos do lado aventureiro ele consegue dar conta do recado. Algumas sequências são mesmo empolgantes, principalmente a da perseguição nas ruas de Paris, que culmina com a queda da Torre Eiffel (já que perderam as torres gêmeas, os americanos agora resolveram colocar abaixo as torres dos outros), embora nem todos os efeitos especiais sejam convincentes. O CGI é pesado em algumas cenas. Contudo, isso também não é novidade nos filmes de Sommers (na série “A Múmia” os efeitos também se fazem sentir em certos momentos).

Ou seja, vá assistir se você não estiver com vontade de pensar e quiser curtir uma história que poderia ser elaborada por você mesmo e seus amigos lá nos seus 8 ou 9 anos, quando imaginava as aventuras dos seus bonecos dos Comandos em Ação (ou do Falcon). Por sinal, talvez seja este mesmo os espírito do longa: uma grande brincadeira para garotos de 8 ou 9 anos passarem o tempo. Se conseguir convencer sua namorada a assistir “G.I. Joe” (já que, se você que está lendo essa resenha for mulher, dificilmente vai querer assistir a esta produção de livre espontânea vontade), parabéns e divirta-se depois de desligar o botão da racionalidade no seu cérebro e deixar aceso apenas o do apreço por cenas de ação e curvas femininas. É só.

Classificação: * * 1/2(duas estrelas e meia)
Nota: 5,0.

Obs: O filme estreou em primeiro lugar neste fim de semana nos EUA e no mundo, com mais de 100 milhões de dólares já arrecadados, uma das maiores estreias para o mês de agosto. Ainda vamos ter que aturar a Hasbro por um bom tempo, ao que tudo indica...

Obs 2: Optei por colocar esse pôster com a Rachel Nichols em destaque para, de repente, gerar uma aumento no número de acessos ao blog. Afinal, as fotos da Megan Fox geraram bons frutos...
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