quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Nowhere Boy - Trailer


Hoje aconteceu a premiére mundial de "Nowhere Boy" no encerramento do festival de cinema de Londres. Como já se sabe, o filme retrata a adolescência de John Lennon (que será interpretado por Aaron Johnson), enfocando a sua relação com a tia Mimmi e o seu encontro com Paul McCartney. Abaixo, você pode assistir ao trailer da produção, o qual possui narração do próprio Lennon, em um áudio usado anteriormente nos documentários Imagine (1988) e The Beatles Anthology (1995), a partir de uma entrevista concedida pelo ex-beatle ao apresentador de TV Mike Douglas, em 1972. Confira. O longa estreia no Natal deste ano no Reino Unido, mas não há previsão de estreia na Terra Brasilis. Ah, e a imagem ao lado é o poster da produção.



Michael Jackson's This Is It


Belo Epitáfio

Em 25 de junho do corrente ano, qualquer ser humano vivo e pensante sabe o que sucedeu neste planeta Terra. Michael Joseph Jackson, o denominado “Rei do Pop”, faleceu vítima de uma overdose de medicamentos. Nomes como Propofol e Demerol caíram na boca do povo enquanto a necropsia era realizada e, mais importante, uma comoção tomou conta do mundo inteiro, que finalmente parecia esquecer as esquisitices do ídolo do pop para enxergá-lo como o grande artista que sempre foi e, principalmente, como um ser humano, não apenas uma espécie de “ET” que servia de chacota em programas humorísticos e tabloides sensacionalistas.

Quando de seu falecimento, MJ havia finalizado os ensaios para o início de sua nova temporada de shows, após anos fora dos palcos. Seriam 50 apresentações em Londres, todas com ingressos esgotados com meses de antecedência. Tristemente, o astro não chegou a realizar sequer uma apresentação. Felizmente, a sequência enorme de ensaios, os quais, segundo a mídia, teriam levado o astro a uma estafa e a sentir fortes dores (consequência do ritmo forte da preparação aliado a problemas reumáticos), foi registrada em mais de 80 horas de gravações, um tesouro que, obviamente, poderia ser lapidado e levado aos fãs como um presente. Obviamente, tal iniciativa não substituiria os shows que a estrela faria e que foram cancelados pelo destino. Entretanto, a ideia era boa e foi exatamente isso que aconteceu. Alguns podem afirmar que “This Is It”, o documentário resultado da edição das mencionadas 80 horas de gravações, seja oportunista e caça-níquel. É uma afirmação que tem seu teor de verdade, principalmente se levarmos em consideração o caráter da família Jackson, mercenária até a raiz da alma. Mas também é verdade que o material merecia mesmo ser levado ao público, tal o conteúdo emocional e verdadeiro que se percebe ao longo de toda exibição do longa.

Dirigido com muita competência por Kenny Ortega, as escolhas das cenas levadas à projeção não poderiam ser mais felizes. Inicia-se com os depoimentos de vários daqueles que integraram a produção do show. Diretores, assistentes, dançarinos, todos vão falando sobre a experiência que era trabalhar com o mega-astro. E não há como negar a sinceridade das palavras e emoção. Afinal, quando das declarações, Michael ainda estava vivo e, é preciso dizer, num momento de grande baixa na carreira, gerado pelo processo judicial em que foi acusado de abuso sexual contra menores e o fracasso comercial do seu último trabalho, o álbum “Invincible”. O depoimento de alguns dançarinos, ao afirmarem que MJ foi a razão deles trilharem essa profissão, realmente atinge o coração do público. Em seguida, vemos o desenvolvimento dos ensaios como se fosse o próprio show. Vamos passando por vários clássicos do artista, como “You Make Me Feel”, “They Don’t Care About Us”, ‘I’ll Be There”, entre outros. Mas alguns merecem ser destacados. A execução de “Thriller” ganha novos ares com a exibição do vídeo em 3D que estava sendo elaborado para o espetáculo. Já “Beat It” tem sua coreografia minuciosamente detalhada e, mais ainda, conta com uma grande participação da loura-gata e guitarrista Orianthi Panagaris, que rouba mesmo a cena em várias sequências (tenho a impressão que essa menina vai receber uma profusão de propostas de trabalho a partir de agora). Um grande momento é a execução de “Smooth Criminal”, com MJ inserido nas imagens de “Gilda” (bom ver a Rita Hayworth)e contracenando com Humphrey Bogart. Outro ponto marcante é a apresentação solo da coreografia de Michael para Billie Jean, aplaudida entusiasmadamente por toda a equipe presente. Aliás, a ideia concebida por Ortega foi justamente a de elaborar o documentário como se fosse realmente o show que os fãs não tiveram oportunidade de assistir. Em determinado ponto, são mostrados até mesmo os efeitos especiais que seriam vistos apenas em Londres, quando alguns dançarinos têm suas imagens multiplicadas centenas de vezes. Uma das grandes curiosidades, ademais, é ver o Michael dos bastidores, com seu jeito extremamente exigente, mas sempre educado (ao contrário de muitas estrelas pop por aí que, com bem menos talento, são grosseiros e estúpidos com aqueles que os cercam).

É impressionante também notar algumas coincidências. No documentário, percebemos que os ensaios já haviam sido concluídos e que Michael morreu exatamente entre o fim dos preparativos e a estreia da série de shows. A despedida e agradecimentos ao fim soam estranhamente como um adeus do ídolo, e a conclusão se torna extremamente triste quando nos damos conta que todo aquele esforço foi despendido por um show que nunca aconteceu (vale ressaltar inclusive a boa forma de Michael, que nunca denotaria um estado de saúde comprometido).

A experiência se tornou ainda melhor ao pegar uma das primeiras sessões de exibição, repleta de fãs. Ao término, vários dos presentes aplaudiram de maneira empolgada o que viram e, se agradou desta forma aos muito exigentes fãs do astro, o longa deve ter mesmo atingido o pleno objetivo de tentar eternizar o momento que acabou se tornando o epitáfio de um gênio da cultura popular. E o seu título, “É isso” em português, também soa como o resumo de uma ópera que foi acompanhada pelo mundo inteiro desde a infância de Michael Jackson. Mesmo que você não seja fã, vale muito à pena conferir. Não será sem méritos se o filme vier a receber o Oscar na categoria melhor documentário ano que vem (e o trabalho se torna ainda mais impressionante se lembrarmos o pouco tempo que levou para ser realizado). Parabéns, Michael, pelo imenso talento que teve e pelo ser humano que foi. E, mesmo que sua família procure apenas os bônus financeiros do tesouro é que seu legado, se ao menos continuar entregando aos cuidados de gente competente como no caso deste “This Is It”, sua memória estará bem protegida.

Cotação: * * * * * (cinco estrelas)
Nota: 10,0

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Terror independente no topo das bilheterias

E o terror "Atividade Paranormal" alcançou, após um mês de exibição, o topo das bilheterias norte-americanas no último de fim de semana. Um feito raro, já que o mais comum são as produções começarem no topo e irem gradativamente reduzindo seus ganhos. Mais raro ainda se lembrarmos que o custo da produção foi de meros e rasos 15 mil dólares... O filme é mais um daqueles no estilo video-verdade de "A Bruxa de Blair", baseado nas experiências do próprio diretor (novato) Oren Peli com barulhos estranhos ao se mudar para uma nova casa. Com os 22 milhões arrecadados no último fim de semana, o longa alcançou a quantia de 62,5 milhões no total. Que lucro, hein? A estreia no Brasil está prevista para 4 de dezembro. Confira o trailer abaixo.




domingo, 25 de outubro de 2009

Te Amarei Para Sempre


Amor, tempo e ficção-científica

Filmes românticos não costumam primar pela originalidade. Não estou querendo dizer, com esta afirmação, que filmes românticos sejam sempre carentes de bons roteiros, não é isso. A questão reside no fato de que os textos deste gênero baseiam-se principalmente na força dos diálogos e em situações limite que colocam à prova o amor do casal. As diferenças costumam residir apenas na natureza de tais situações. Em um momento, pode ser a oposição das famílias, em outro uma longa distância a ser superada ou, até mesmo, uma guerra a ser lutada (como no caso emblemático de “Casablanca”). Neste “Te Amarei Para Sempre”, as dificuldades ao amor eterno do casal de protagonistas surgem de uma situação inusitada. O rapaz é portador de uma anomalia genética que o faz viajar no tempo da mesma forma que um epiléptico tem as suas crises. Ou seja, desaparece e ressurge em diversos momentos cronológicos de forma alheia à sua vontade, sem poder determinar quando isso irá acontecer.

Roteirizada por Bruce Joel Rubin (o mesmo de “Ghost”, ou seja, um especialista na área), que realiza uma adaptação do livro de Audrey Niffenegger, esta situação limite traz um sopro de originalidade a esta película (que teve produção executiva de Brad Pitt), fazendo-nos respirar novos ares em um gênero que vinha sendo um tanto maltratado nos últimos tempos. É verdade que, para isso, utilize um elemento já consagrado no mainstream hollywoodiano: a viagem no tempo (vide as séries “De Volta Para o Futuro” e “O Exterminador do Futuro”). Mas o fato é que essa mistura de romance e ficção-científica surte um ótimo efeito.

As próprias circunstâncias da ação acabam por nos apresentar ótimos personagens. Vivido por Eric Bana (em sua melhor presença desde “Munique”, de Steven Spielberg), Henry DeTamble é um homem que parece trazer em si uma constante melancolia. Devido ao poder-doença que possui, ele visita inúmeras vezes a ocasião em que sua mãe faleceu, quando ainda era garoto. Entretanto, o acidente jamais tem o seu desfecho transformado, já que não consegue interferir no curso dos acontecimentos quando viaja através do tempo. Por outro lado, consegue conviver com as pessoas dentro do fluxo temporal, o que lhe permite sempre rever e conversar com sua mãe (mesmo que esta não saiba que aquele é o seu filho já crescido). E, ainda, conhecer Clare Abshire (Rachel McAdams, atriz que já está se tornando figura constante em filmes melados de açúcar, basta lembrar de “Diário de Uma Paixão”), sua futura esposa (e isso não é um spoiler, pois a tradução literal do título em inglês é “A Esposa do Viajante do Tempo”). Esta última personagem também se mostra extremamente interessante, já que tem de conviver com um homem que pode sumir e reaparecer na sua vida a qualquer momento. E isso é uma metáfora perspicaz, pois as pessoas, de fato, podem entrar e sair de nossas vidas a qualquer instante, apenas não nos damos conta disso.


No entanto, nem tudo são maravilhas. As idas e vindas temporais geram furos no roteiro (como acontece na maioria dos filmes que lidam com viagens no tempo) e, a partir da segunda metade do longa, acabam tornando a trama um tanto confusa. Cabe até uma interrogação: por que Henry só viaja para momentos cronológicos a partir de sua existência? Um ilogismo do roteiro que pode causar um certo incômodo para aqueles mais atentos aos pormenores das tramas. Contudo, a direção segura de Robert Schwentke cuida para que o espectador não perca o envolvimento emocional ao longo da projeção. Ressalte-se, inclusive, a sua direção de atores. Como pincelei acima, Eric Bana consegue uma boa atuação, traduzindo sempre o tom melancólico característico do personagem. Já Rachel McAdams faz de Clare uma mulher forte, emotiva e romântica que lembra bastante a sua persona no mencionado “Diário de Uma Paixão” (e, convenhamos, ela tem um rostinho lindo que faria qualquer um se derramar). A fotografia também se mostra bela e adequada à temática, bem como a trilha sonora (prestem atenção, inclusive, na inserção de “Love Will Tear Us Apart”, do Joy Division, em certo momento, com um arranjo bem diferente).

Schwentke, assim, realizou uma boa demonstração de que é possível fazer um filme água com açúcar pouco previsível, muita embora ele ainda encontre uma forma de jogar um happy end. Entretanto, mesmo este final feliz é pouco convencional e, vamos admitir, dotado de muita beleza e sensibilidade. E que faz com que o título nacional para o longa também se torne bastante adequado. Um filme feito “com açúcar, com afeto” e boas pitadas de competência.

Cotação: * * * ½ (três estrelas e meia)
Nota: 8,5

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O novo de Eastwood


Clint Eastwood é um daqueles diretores que conseguem reunir um ótimo elenco, mesmo que seja apenas "por um punhado de dólares" (Woody Allen é outro caso notório no atual cinema americano). Este cartaz acima, divulgado hoje pela Warner, é o de seu novo filme, intitulado "Invictus", com as estrelas Morgan Freeman (que também é o produtor) e Matt Damon no elenco. O filme trata das circunstâncias em que ocorreu a Copa do Mundo de rugby na África do Sul, em 1995, e de como Nelson Mandella (interpretado por Freeman no longa), então presidente, procurou usar o evento para unir brancos e negros logo após o fim do apartheid. Damon faz o papel do capitão do time sul-africano (os Springboks, como é conhecida a equipe). O longa tem estreia nos EUA em dezembro e no fim de janeiro no Brasil. Ou seja, é bem aquela época propícia para filmes que têm pretensões ao Oscar. De qualquer forma, já tem meu ingresso na contabilidade. É sempre bom ver um filme do velho Clint.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Distrito 9


Apartheid alienígena

Na última década, vem ganhando força uma forma de se fazer cinema surgida a partir de alguns filmes de horror. Trata-se de narrar uma trama ficcional de uma forma semelhante a documentários ou programas jornalísticos. São os casos de filmes como o famoso “A Bruxa de Blair” e a recente produção espanhola “[Rec]”, onde a apresentadora de um programa jornalístico, juntamente com seu cinegrafista, mostra os acontecimentos em uma madrugada em um prédio residencial, tudo dentro de um estilo vídeo-verdade que procura transmitir aos espectadores a sensação de que tudo aquilo realmente está acontecendo. Essa fórmula vem encontrando êxito junto ao grande público e trazendo uma enorme rentabilidade, já que tais produções costumam ter baixo orçamento, fazendo a alegria dos estúdios.

Agora, este “Distrito 9” traz esse formato vídeo-verdade para o terreno de outro gênero cinematográfico, a ficção-científica. E não apenas isso. Insere um contexto de crítica social que poucas vezes se vê no gênero, o qual se tornou terreno fértil para os diretores explorarem questões existenciais e até mesmo teológicas (vide o clássico absoluto “2001 – Uma Odisséia no Espaço”), mas que pouco é utilizado como ambiente para tratar de discussões de caráter mais sociológico.

Dirigido pelo novato Neill Blomkamp e ostentando como produtora a grife de Peter Jackson, o longa foi desenvolvido a partir de uma curta-metragem que acabou caindo nas graças do famoso diretor de “O Senhor dos Anéis”. Na trama, alienígenas vivem em guetos-favelas na cidade de Johanesburgo, África do Sul, uma vez que sua nave não possui mais combustível para retornar e flutua há 20 anos sobre a metrópole. Os aliens são semelhantes a crustáceos gigantes e por isso são apelidados pejorativamente pelos humanos de “camarões”, sofrendo todo tipo de discriminações e humilhações. Uma clara alegoria do regime do apartheid sul-africano e também das várias formas de marginalização de grupos étnicos ou sócio-econômicos existentes no mais diversos agrupamentos humanos. Tudo isso mostrado de forma realista em uma estrutura documental, onde especialistas falam sobre os fatos mostrados na tela, além de repórteres e câmeras de TV noticiarem os fatos. A ausência de atores conhecidos só reforça a sensação de realidade, aliada a uma fotografia que lembra muito as imagens televisivas e, em outros momentos, remetem às técnicas usadas por Fernando Meirelles para filmar as favelas gigantes em “O Jardineiro Fiel”. Uma certa estranheza domina a primeira metade de projeção, jogando o espectador num amontoado de sensações atípicas.

Contudo, é necessário estabelecer links emocionais entre a plateia e a narrativa (afinal, apesar da estrutura documental, é bom lembrar que não se trata de um documentário). E é nesse ponto que o roteiro (escrito pelo próprio Blomkamp em parceria com Terri Tatchell) começa a apresentar suas oscilações. Busca-se estabelecer a ligação com o espectador através do personagem de Wikus Van De Merwe, um funcionário da MNU (uma espécie de ONU deste mundo fictício), incumbido de realizar o remanejamento da população de aliens das favelas onde eles vivem para um assentamento mais afastado do centro de Johanesburgo, num toque que lembra bastante as origens da Cidade de Deus no Rio de Janeiro (e, obviamente, isso não é mera coincidência). Durante sua missão, Wikus entra em contato com uma substância alienígena que afeta seu DNA, o que o leva a se aliar inevitavelmente com os aliens para obter sua possível cura (esse é um ponto em que “A Mosca”, de David Cronnenberg, vem logo à mente). A figura do mocinho que antes era meio-vilão, mas que passa a enxergar as coisas de uma outra forma após se sentir como aqueles a quem perseguia já se tornou um tanto clichê, muito embora o intérprete de Wikus, Sharlto Copley (amigo de longa data do diretor), seja bastante convincente em sua atuação.

A segunda metade do filme, desta forma, acaba se tornando um tanto previsível em várias nuances, principalmente porque parece esquecer a crítica social e mergulhar no cinema de ação de forma irrefreável e, assim, os furos de roteiro vão se tornando cada vez mais aparentes (afinal, se as armas dos aliens funcionavam, porque eles não as usavam contra os humanos?). O longa só não cai na pasmaceira total porque várias seqüências são mesmo bem realizadas e os efeitos especiais (obviamente vindos da Weta de Peter Jackson) são extremamente eficientes (mesmo com um alardeado baixo orçamento de US$ 30 milhões), muito embora caiba destacar aqui um certo excesso de violência desnecessária (sangueira e corpos partidos são freqüentes). Outro fator que depõe contra “Distrito 9” é sua trilha sonora, a qual também bebe da fonte de filmes como “O Jardineiro Fiel” e “Diamante de Sangue”, mas que aqui soa deslocada, querendo dar a impressão de estarmos vendo um filme denúncia e não uma ficção científica (o que para alguns pode ser considerado um mérito, tendo em vista as pretensões do diretor).

De qualquer forma, trata-se de um bom começo para Blomkamp, mostrando que Peter Jackson parece ter faro para encontrar novos talentos. E, dentro do quadro atual de Hollywood, alguém que tenha novas ideias, com a de trazer a crítica social mais direta para o terreno da ficção científica, é sempre bem-vindo. Confesso, além disso, que gostei mais do estilo ficção-documentário neste gênero do que no terror, o qual sempre perde em envolvimento ao assumir esta forma. Uma mistureba interessante que vale uma passadinha no cinema mais próximo.

Obs. As legendas estão um lixo. Em alguns momentos os aliens falam e simplesmente não aparece a tradução na tela (só as legendas originais em inglês). Pra completar, o(a) tradutor(a) parece ser fã de “Tropa de Elite”, já que coloca termos como “BOPE” e “Caveirão” na tradução, em uma mediocridade escandalosa (e mesmo idiota).

Cotação: * * * (três estrelas)
Nota: 7,5

sábado, 17 de outubro de 2009

Musas do Escurinho #10

Sessão dupla do "Musas do Escurinho". E homenagem à mais nova e poderosa obra de Tarantino, seguem imagens da duas musas do seu filme. A primeira é Diane Kruger, a linda agente dupla loira e fatal Bridget Von Hammersmarck (como sempre há em todo filme de Segunda Guerra).


A seguir, a bela francesinha Mélanie Laurent, a qual encarna uma personagem já detinada à imortalidade: a judia Shossana Dreyfuss. As francesas...ah, as francesas!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Trilha Sonora #8


"Come Fly With Me" é um dos standards da música americana e uma das grandes interpretações do velho Frank Sinatra. E ela também faz parte da trilha sonora de "Prenda-me Se For Capaz", um daqueles filmes que são feitos sem muitas pretensões, mas que, talvez por isso mesmo, resultam ótimos. E esse é o caso desta pequena grande obra de Steven Spielberg. Delicie-se com a voz de Old Blue Eyes.



domingo, 11 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios


Catarse tarantinesca

É sempre bom ver um filme de um cineasta como Quentin Tarantino. Ele é, hoje, uma dos grandes representantes do chamado cinema de autor, concepção criada pelos mentores da Nouvelle Vague e que perdura até hoje. Pode-se criticá-lo pelo excesso de violência em suas películas, sua verborragia desnecessária e, segundo outros, uma certa superficialidade nos temas abordados e personagens apresentados. Mas não há como negar: Tarantino é um cineasta diferenciado, realizando obras com características próprias e, especialmente em um ano que vem se apresentando especialmente fraco como este de 2009, um alívio de qualidade e inteligência pairando em cima de um mar de mediocridade.

Já havia um certo tempo, ele vinha prometendo conceber o seu “filme de Segunda Guerra Mundial”. Após um enorme período elaborando o roteiro (normalmente a etapa mais demorada de seu processo de criação), eis que surge este “Bastardos Inglórios”, uma produção que pode representar o início de um amadurecimento em sua carreira, principalmente porque, desta feita, Tarantino parece mesmo querer extrapolar os limites de sua cinefilia e trazer uma contribuição um tanto heterodoxa: a realização de uma vingança, mesmo que de forma ficcional, contra os nazistas (especialmente para o público judeu).

A vingança, inclusive, como sabido por muitos, não é tema novo na sua obra. O maior exemplo são os dois volumes de “Kill Bill” (sua melhor obra, na minha opinião), onde a Noiva ia à forra contra os antigos membros do esquadrão das Víboras Assassinas. Agora, Tarantino parece querer filmar uma espécie de vingança global contra os nazistas, colocando como executores da tarefa exatamente aqueles que mais sofreram sob o jugo alemão - os judeus – e concretizando uma espécie delírio de toda uma etnia com imagens fortes e que, digamos, “lavam a alma”.

Acima, mencionei que Tarantino, aqui, foge da mera cinefilia. Mas isso não quer dizer que ela não esteja presente. O filme transborda de referências com a velha utilização do seu liquidificador pop. O próprio título, “Bastardos Inglórios”, é uma referência a um desconhecido filme de guerra italiano de 1978 e as homenagens ao Western Spaghetti de Sergio Leone permeiam toda a trama. Trama esta que se inicia magnificamente (com trilha de Ennio Morricone) em uma seqüência de um longo e impecável diálogo entre o coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz, brilhante!) e o fazendeiro La Paditte (Denis Menochet, com participação pequena, mas memorável), cenas estas que parecem ser uma mistura de seqüências de “Rastros de Ódio” e “Era Uma Vez No Oeste”. Em consequência desta conversa, a jovem judia Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent, linda) tem a sua família assassinada, conseguindo escapar por mero acaso. Anos mais tarde, ela assume uma nova identidade como dona de um cinema na França ocupada pelos nazistas.

Paralelamente, vemos o grupo de soldados judeus caçadores de nazistas comandado pelo tenente Aldo Raine (Brad Pitt, divertidíssimo, e o nome do personagem é uma homenagem ao ator Aldo Ray), os tais Bastardos do título, dizimar patrulhas alemãs com extrema violência. Um deles, o “Urso Judeu” (Eli Roth), costuma abater nazistas a golpes com bastões de beisebol. A fama do grupo faz com que ele seja recrutado para participar da “Operação Kino” (“kino” é cinema em alemão), a qual terá como objetivo o assassinato de toda a cúpula nazista. Para o sucesso da operação, eles terão que contar com a ajuda da atriz alemã Bridget Von Hammersmarck (Diane Kruger, belíssima), uma espiã que faz jogo duplo.

A chuva de referências não pára por aí. São feitas várias citações que vão de Leni Riefensthal (no letreiro do cinema de Shosanna) a François Truffaut (as referências à Nouvelle Vague são claras no terceiro capítulo da trama) e provavelmente há várias outras que nem percebi. Alguns podem acusar Tarantino, inclusive, de fazer filmes para cinéfilos, mas a verdade é que isto não prejudica o espectador médio em acompanhar e se envolver com a trama. Por sinal, o envolvimento emocional é algo que o diretor vem aprimorando ao longo do tempo. Acusado de realizar obras meramente estéticas, aqui a personagem de Shosanna mostra-se plenamente capaz de cativar a plateia e algumas de suas cenas batem mesmo no coração. A direção de atores, ademais, é possivelmente a melhor da carreira do cineasta. Todos estão bem, sem exceção, mas cabendo ainda um destaque especial para Cristoph Waltz. O seu oficial nazista é um dos melhores vilões dos últimos anos, chegando a rivalizar até mesmo com o Coringa de Heath Ledger, e entra de pronto para aquela galeria de tipos que amamos odiar. Tarantino apenas peca em alguns diálogos excessivamente longos, como o travado em um bar-porão entre infiltrados e nazistas, o qual pode cansar um pouco a plateia.

Mas, creio que, desta oportunidade, o mundo nerd de Tarantino presta-se a realizar uma espécie de catarse coletiva em relação aos horrores perpetrados pelo nazismo no passado. [SPOILER] A cena em que o Urso Judeu fuzila Adolf Hitler é sintomática disso [FIM DE SPOILER] e o fato de Aldo Raine marcar com um facão a testa dos nazistas que não usam uniformes é uma ótima metáfora para o fato de que jamais devemos esquecer dos horrores cometidos durante a Segunda Grande Guerra e, talvez, de forma ainda mais abrangente, seja uma forma de dizer que todos aqueles portadores de preconceitos e ódios desmotivados deveriam ter escrito isso na testa como forma de nos precavermos. É sabido que os nazistas marcavam os judeus à ferro quente, como gado. Aqui, Quentin Tarantino marca os nazistas à faca. E fico me perguntando qual a reação dos alemães ao verem este filme.

Cotação: * * * * 1/2 (quatro estrelas e meia)
Nota: 9,5

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Salve Geral


Esse não se salva

O enorme sucesso de crítica e público alcançado por “Cidade de Deus” gerou uma sucessão de filmes voltados a mostrar às plateias o mundo cão da criminalidade brasileira, todos com um viés de “análise sociológica” destinada a fazer a o espectador refletir sobre a realidade nacional. Na realidade, só tivemos dois filmes que, de fato, alcançaram de forma satisfatória este intuito, quais sejam, o próprio “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, e “Tropa de Elite”, de José Padilha (isso no terreno ficcional, pois o documentário “Ônibus 174”, também de Padilha, é simplesmente excelente). Entretanto, a maior parte dos exemplares navega em mares de mediocridade, casos de “Carandiru” e “Última Parada 174”, este último o longa brasileiro escolhido pela comissão do Ministério da Cultura em 2008 para concorrer a uma das indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro, passando longe dessa pretensão, todavia.

Agora, eis que o Ministério indica este “Salve Geral”, filme de Sérgio Rezende que trata dos ataques realizados pelo Primeiro Comando da Capital – PCC a várias delegacias, bancos, lojas e ônibus no dia das mães do ano de 2006, como uma forma de reação às medidas mais duras que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo estava tomando com relação às lideranças criminosas e presos de maior periculosidade. Obviamente, como já se tornou praxe no gênero, são apresentados personagens e circunstâncias ficcionais com uma forma de estabelecer um link maior com o público, procurando envolvê-lo na trama. No presente caso, a personagem que tem essa função primordial é a de Lúcia (Andréa Beltrão), uma professora de piano diante de sérias dificuldades financeiras após a morte do marido, as quais a levam a mudar-se de bairro (para outro bem menos nobre), acompanhada do filho Rafael (Lee Thalor), ainda bastante jovem. O rapaz é um tanto irresponsável e se envolve em um crime durante um racha, fato que o leva a ser condenado a 8 anos de prisão. Diante desta nova dificuldade, Lúcia, buscando ao máximo tirar o filho da prisão, acaba conhecendo “A Ruiva” (Denise Weinberg, a melhor do elenco), uma advogada de porta de cadeia que faz o típico trabalho sujo para os detentos, servindo como elo entre estes e o mundo exterior. A advogada é responsável pela frase que se torna meio que um mote do filme: “um péssimo juiz pode ser mais eficiente que um bom advogado”.

À parte alguns furos jurídicos, este início do longa até que transcorre de forma satisfatória. O trabalho do elenco é competente, gerando empatia. O roteiro (do próprio Rezende em parceria com Patrícia Andrade) transcorre com fluidez e bons diálogos, e o diretor se preocupa, através de pequenos detalhes, em nos mostrar características interessantes dos personagens (com as várias fotos de Ayrton Senna no quarto de Rafael que denotam sua paixão pelo automobilismo). Os aspectos sociais também nos são mostrados sem cair no didatismo. Entretanto, a partir do momento em que Lúcia passa a fazer serviços para a Ruiva, levando e trazendo informações aos presídios, a coisa começa a desandar e descamba totalmente quando ela se envolve com um dos líderes do “Partido”, um tal “Professor” (Bruno Perillo), que o filme se esforça para mostrar como homem bonito e inteligente, meio que para justificar a atitude da protagonista. Por sinal, o caso entre os dois tem início de uma hora pra outra com uma cena de sexo totalmente anticlimática, meio sem pé nem cabeça, salvando-se apenas pela sensualidade que Andréa Beltrão consegue conferir à sua performance.

Nesse ponto, o filme investe em aspectos que lembram dramalhões televisivos. Toda a trama “social” adentra em um didatismo superficial, como se não tivéssemos conhecimento dos vários meandros e esquemas levados a efeito pelas facções criminosas, além das situações vividas internamente nos presídios por detentos, os quais têm que se submeter aos caprichos dos líderes de tais facções. Nada que já não tivesse sido visto em filmes-presídio como o citado “Carandiru”, por exemplo. O pior de tudo é que as intenções de Rezende parecem ser as de realizar uma grande análise das origens e manutenção do ciclo da violência no Brasil, no que fracassa totalmente. Suas ambições naufragam num roteiro que, além dos aspectos novelísticos, parece também querer investir em tramas de ação (SPOILER: a perseguição da polícia a Rafael, já quase ao fim da projeção, é exemplo claro disso FIM DE SPOILER). A própria trilha sonora traz essa marca: há vários temas muito mais adequados a sequências de ação ou suspense do que a uma proposta de reflexão sobre o que está sendo mostrado na tela. Corolário de tudo isso é o desfecho do personagem da Ruiva, patético e maniqueísta.

Trata-se aqui de mais um caso de equívoco na escolha de nosso concorrente à estatueta do careca dourado. Mais uma obra medíocre que passará longe dos 5 finalistas. E aí vem sempre a mesma pergunta: foi isso que o Brasil conseguiu produzir de melhor no corrente ano? O país já conseguiu até ser sede de Olimpíada (Rio 2016, lá vou eu!), mas parece que ainda não entendeu como realizar filmes de boa qualidade, sobrevivendo apenas de momentos criativos de diretores diferenciados como Meirelles, Walter Salles e José Padilha. Ainda muito pouco, infelizmente.


Cotação: * * ½ (duas estrelas e meia)
Nota: 6,0

domingo, 4 de outubro de 2009

A Verdade Nua e Crua


Mais do mesmo

Recentemente, tivemos em “Se Beber, Não Case” um ótimo exemplo de como revitalizar o desgastado gênero das comédias voltadas ao grande público. Com uma pegada mais masculina, além de contar com uma boa dose de gags politicamente incorretas, o filme, em boa parte, procura fugir dos clichês e mergulha o espectador em situações inteiramente non sense. O longa foi um enorme sucesso por onde passou, mas quem disse que os produtores estão dispostos a arriscar sempre?

Um bom exemplo de acomodação é este “A Verdade Nua e Crua”. Estão lá os velhos chavões da comédia romântica, repetidos a esmo ao longo de décadas. Desde o início sabemos como tudo vai terminar, quem irá se apaixonar; que o casal vai começar se detestando, mas depois vai acabar se amando. O que difere um pouco são as circunstâncias, mas a essência é sempre a mesma.

No presente caso, temos uma jornalista produtora de um programa de TV, Abby Ritcher (Katherine Heigl, bonitinha, mas um tanto insossa), uma mulher moderna-executiva, mas que não entende nada de homens (como a maioria das mulheres modernas-independentes-executivas, é bem verdade). Um belo dia, ela descobre que terá que trabalhar como produtora de Mike Chadway (Gerard Butler, o único que se salva no elenco), o machão apresentador do programa que dá título ao longa, destinado a aconselhar mulheres que têm dificuldades em arranjar namorados. Como parece já dito acima, eles de início se odeiam e depois... preciso mesmo contar o final?

O que difere um pouco este exemplar e o retira da inteira mesmice é um certo tom picante das piadas e situações, elemento geralmente ausente da maioria das comédias românticas. Dirigido por Robert Luketic e roteirizado por 3 mulheres (Nicole Eastman, Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith) , no longa há algumas referências explícitas a atos como masturbação, fetiches, calcinhas vibratórias etc. O palavreado também é mais direto e desbocado que o habitual (é interessante ver em uma CR uma mulher falando coisas com “pau” ou “dar”), mas nem nesse aspecto o filme consegue ser inteiramente original. Uma certa cena de orgasmo de Abby em um restaurante é nitidamente xerocopiada da famosa sequência em que Meg Ryan finge um orgasmo em “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro”. A diferença é que Meg Ryan consegue realizar o orgasmo fingido mais competente da história do cinema. Já Katherine Heigl não consegue convencer nem a ela mesma... No fim das contas, “A Verdade Nua e Crua” pode ser menos puritano que as comédias voltadas para o público feminino, mas a falta de criatividade continua lá presente, como atestado de que os produtores ainda estão longe de perceber que os riscos podem gerar grandes frutos. Filme bom apenas para você levar a namorada/ficante para uns amassos, afinal você nem precisa prestar muita atenção para entender o que está acontecendo... Talvez, mais interessante em toda a projeção seja a frase de Mike (uma das poucas realmente verdadeiras sobre os homens): “nenhum homem vai se apaixonar à primeira vista por sua personalidade”. Isso pode doer um pouco em vocês, garotas, mas há muito de verídico nela.

Resenha curta, não? A verdade é que não há muito o que comentar sobre “A Verdade Nua e Crua”.

Cotação: * *1/2 (duas estrelas e meia)
Nota: 5,5

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil...


Parabéns, Rio! Parabéns, Brasil! Quem sabe agora a Cidade Maravilhosa não volta a desfrutar do prestígio que sempre mereceu?

O Cinema com Pimenta presta sua homenagem disponibilizando o clipe promocional dirigido pelo nosso grande cineasta Fernando Meirelles!

É isso aí! Espero estar lá em 2016. Afinal, isso é viver!