domingo, 4 de outubro de 2009

A Verdade Nua e Crua


Mais do mesmo

Recentemente, tivemos em “Se Beber, Não Case” um ótimo exemplo de como revitalizar o desgastado gênero das comédias voltadas ao grande público. Com uma pegada mais masculina, além de contar com uma boa dose de gags politicamente incorretas, o filme, em boa parte, procura fugir dos clichês e mergulha o espectador em situações inteiramente non sense. O longa foi um enorme sucesso por onde passou, mas quem disse que os produtores estão dispostos a arriscar sempre?

Um bom exemplo de acomodação é este “A Verdade Nua e Crua”. Estão lá os velhos chavões da comédia romântica, repetidos a esmo ao longo de décadas. Desde o início sabemos como tudo vai terminar, quem irá se apaixonar; que o casal vai começar se detestando, mas depois vai acabar se amando. O que difere um pouco são as circunstâncias, mas a essência é sempre a mesma.

No presente caso, temos uma jornalista produtora de um programa de TV, Abby Ritcher (Katherine Heigl, bonitinha, mas um tanto insossa), uma mulher moderna-executiva, mas que não entende nada de homens (como a maioria das mulheres modernas-independentes-executivas, é bem verdade). Um belo dia, ela descobre que terá que trabalhar como produtora de Mike Chadway (Gerard Butler, o único que se salva no elenco), o machão apresentador do programa que dá título ao longa, destinado a aconselhar mulheres que têm dificuldades em arranjar namorados. Como parece já dito acima, eles de início se odeiam e depois... preciso mesmo contar o final?

O que difere um pouco este exemplar e o retira da inteira mesmice é um certo tom picante das piadas e situações, elemento geralmente ausente da maioria das comédias românticas. Dirigido por Robert Luketic e roteirizado por 3 mulheres (Nicole Eastman, Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith) , no longa há algumas referências explícitas a atos como masturbação, fetiches, calcinhas vibratórias etc. O palavreado também é mais direto e desbocado que o habitual (é interessante ver em uma CR uma mulher falando coisas com “pau” ou “dar”), mas nem nesse aspecto o filme consegue ser inteiramente original. Uma certa cena de orgasmo de Abby em um restaurante é nitidamente xerocopiada da famosa sequência em que Meg Ryan finge um orgasmo em “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro”. A diferença é que Meg Ryan consegue realizar o orgasmo fingido mais competente da história do cinema. Já Katherine Heigl não consegue convencer nem a ela mesma... No fim das contas, “A Verdade Nua e Crua” pode ser menos puritano que as comédias voltadas para o público feminino, mas a falta de criatividade continua lá presente, como atestado de que os produtores ainda estão longe de perceber que os riscos podem gerar grandes frutos. Filme bom apenas para você levar a namorada/ficante para uns amassos, afinal você nem precisa prestar muita atenção para entender o que está acontecendo... Talvez, mais interessante em toda a projeção seja a frase de Mike (uma das poucas realmente verdadeiras sobre os homens): “nenhum homem vai se apaixonar à primeira vista por sua personalidade”. Isso pode doer um pouco em vocês, garotas, mas há muito de verídico nela.

Resenha curta, não? A verdade é que não há muito o que comentar sobre “A Verdade Nua e Crua”.

Cotação: * *1/2 (duas estrelas e meia)
Nota: 5,5
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